Cine Metrópolis realiza mostra de filmes de Rogério Sganzerla

25/09/2018 - 18:23  •  Atualizado 27/09/2018 17:16
Compartilhe

O Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras da Ufes, vai realizar entre os dias 27 de setembro e 3 de outubro a Mostra Rogério Sganzerla, que vai exibir obras de um dos principais cineastas brasileiros. Os filmes em cartaz serão O Bandido da Luz Vermelha (sessão com debate); Sem Essa, Aranha!; Copacabana, Mon Amour; e Abismu. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do cinema por R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). Estudantes da Ufes têm entrada gratuita.

Catarinense de Joaçaba, Sganzerla (foto) nasceu em 4 de maio de 1946 e atuou na direção de grandes filmes entre 1966 e 2003. Em fevereiro de 1970, criou, junto com o diretor Júlio Bressani e a atriz Helena Ignez (que veio a ser sua esposa), a produtora Belair, que, até maio do mesmo ano (quando foi fechada), produziu sete longas: A Família do Barulho; Carnaval na Lama; Barão Olavo, o Horrível; Copacabana, Mon Amour; Cuidado, Madame; Sem essa, Aranha!; e A Miss e o Dinossauro. Helena foi a protagonista de todos os filmes da produtora.

Interditados pela censura, quando os diretores foram obrigados a fugir do país devido à repressão da ditadura militar, estes filmes de ficção revelam retratos daquele período da história do Brasil.

Rogério Sganzerla morreu em 2004, aos 57 anos, vítima de câncer no cérebro.

Confira abaixo os filmes do cineasta que farão parte da Mostra do Cine Metrópolis:

O Bandido da Luz Vermelha

Filme que marcou a estreia de Sganzerla como diretor, O Bandido da Luz Vermelha é livremente inspirado na história real do criminoso João Acácio Pereira da Rocha, um assaltante misterioso que usava técnicas extravagantes para roubar casas luxuosas em São Paulo, na década de 1960.

As invasões aconteciam na alta madrugada, entre 4 e 6 horas da manhã, e o bandido, que cortava a energia das mansões, usava uma lanterna de luz avermelhada para assaltar na escuridão. João Acácio também virou celebridade devido ao seu jeito excêntrico, vestindo-se como os Beatles e os cantores da Jovem Guarda, como Roberto e Erasmo Carlos.

Após a última sessão (dia 03 de outubro), vai acontecer um debate com as presenças do professor Erly Vieira Junior, do Departamento de Comunicação Social da Ufes, e do Mestre em Artes Visuais, com ênfase em Cinema, Marcos Valério Guimarães.

Em cartaz: Sábado, 29, às 19 horas; segunda-feira, 1, às 18 horas; quarta-feira, 3, às 19 horas (sessão com debate).

Sem Essa, Aranha!;

Terceiro longa de Sganzerla, Sem essa, Aranha!, de 1970, é um drama sobre a trajetória do banqueiro do jogo de bicho Aranha, que mora com suas três mulheres. O magnata é uma espécie de gangster, “o último capitalista do Brasil”, que aos poucos se destrói.

O longa foi realizado com orçamento reduzido e sem preocupações com a censura, representando uma radicalização do Cinema Marginal. O protagonista é uma caricatura da burguesia nacional e sua história é o ponto de partida para um ensaio sobre o subdesenvolvimento mental das elites brasileiras.

Com filmagens no Rio de Janeiro e no Paraguai, o filme possui várias referências ao Brasil (o próprio Aranha é inspirado no personagem Zé Bonitinho, conhecido pelos programas de televisão) e deu ao cantor Caetano Veloso uma de suas canções mais famosas: Qualquer Coisa.

Em cartaz: Sábado, 29, às 17 horas; quarta-feira, 3, às 17h30.

Copacabana, Mon Amour

O filme, rodado em boa parte nas favelas do Rio de Janeiro, não foi lançado comercialmente devido à censura.

Na trama, Sônia Silk, “a fera oxigenada”, sonha em ser cantora da Rádio Nacional e, para conseguir sobreviver, entrega-se a turistas no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Seu irmão Vidimar, empregado doméstico e homossexual, apaixona-se pelo patrão, Dr. Grilo. Sônia vê espíritos baixarem em seres e objetos e procura o pai de santo Joãozinho da Goméia para livrá-la desta aflição. A trilha sonora original é de Gilberto Gil.

Em cartaz: Quinta-feira, 27, às 20 horas; domingo, 30, às 19 horas; segunda-feira, 1, às 20 horas.

Abismu

O drama, lançado em 1977, retrata a história de um homem que, ao saltar de asa delta do alto da Pedra Bonita, no Rio de Janeiro, é atingido mortalmente por um tiro. Um arqueólogo presencia o incidente, tira fotos e tenta seguir o assassino, mas é impedido por Madame Zero.

A música de Jimi Hendrix faz parte da trilha sonora deste filme, apresentando os personagens.

Em cartaz: Domingo, 30, às 17 horas; terça-feira, 2, às 20 horas.


Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho