Em conferência, Nelson Amaral rebate críticas à educação superior pública

03/05/2018 - 18:20  •  Atualizado 16/05/2018 12:21
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“As metodologias estatísticas que propõem a redução dos gastos com educação superior poderiam ser aplicados a uma fábrica de pregos, de parafusos. Não a instituições que formam pessoas.” A crítica, contundente, é do professor e assessor especial da Universidade Federal de Goiás (UFG) Nelson Cardoso do Amaral (foto), que esteve na Ufes nesta quinta-feira, 3, para proferir a conferência "Os desafios da educação superior pública no Brasil", em homenagem aos 64 anos da Universidade.

A íntegra da conferência está disponível na página oficial da TV Ufes no Facebook.  

No evento, o professor questionou as medidas propostas pelo Banco Mundial para o ensino superior público brasileiro no relatório Um Ajuste Justo – Análise da Eficiência e Equidade do Gasto Público no Brasil e apresentou o vídeo 10 Mitos Sobre a Educação Superior Brasileira, que contesta afirmações como a de que estudantes das universidades federais pertencem aos extratos de renda mais elevados da sociedade, de que o custo médio de ensino por aluno das universidades federais é alto e de que as universidades federais não seriam eficientes ao alocarem seus recursos financeiros em comparação com o setor privado.

“Esses dados não se confirmam. Uma pesquisa realizada pela Andifes mostra, por exemplo, que 51,42% dos estudantes das universidades públicas federais pertencem a famílias com renda de até 3 salários mínimos”, afirmou.

O professor destacou ainda que as universidades e os institutos técnicos federais vivem um momento difícil: "Todas as dificuldades que o país está tendo atualmente com a crise economia refletem nas instituições. É um momento muito crítico, difícil para as instituições e há por trás disso tudo, é claro, o espectro da Emenda Constitucional 95, que congela os recursos do poder executivo durante 20 anos. A gente espera que isso não atinja tão fortemente as universidades, mas tudo indica que vai chegar, porque já está chegando, e atinge fatalmente o Plano Nacional da Educação”.  

A conferência foi realizada no Cine Metrópolis com a presença do reitor da Ufes Reinaldo Centoducatte; da pró-reitora de Ensino do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Adriana Pionttkovsky Barcelos; do diretor de Graduação do Ifes, Audieres Caprinio; do vice-presidente da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), Ricardo Behr; do coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes), José Megeski; da representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Isabela Mamede; e de gestores, professores, servidores técnicos e estudantes da Ufes. 

Instabilidade

Para o reitor da Ufes, o momento é de reflexão sobre o contexto atual. “Vemos um conjunto de conflitos e disputas no campo político, ideológico, econômico e estratégico. Continuamos vivendo um momento de instabilidade. Essa crise política, econômica e moral que o país está vivendo traz pra nós um conjunto de incertezas. É como se olhássemos pela janela e, através da janela, víssemos totalmente nublado e pouco à frente conseguíssemos enxergar”, analisou.

Centoducatte destacou ainda que a hora é de buscar a unidade interna para sobreviver às dificuldades. “A nossa Universidade tem que atender às necessidades, aos anseios e aos interesses da sociedade brasileira. Se cada um de nós colocar como superiores os interesses pessoais e os interesses corporativos, nós teremos muita dificuldade de buscar uma unidade interna para termos a força necessária para enfrentar aquilo que sobre nós recai de perdas financeiras e de perda da capacidade de gestão. Nós temos um compromisso com a educação superior pública, de qualidade gratuita. A nossa universidade tem como missão a construção de novos conhecimentos e queremos estar cada vez mais fortes e integrados à sociedade brasileira e, em particular, à sociedade capixaba”, finalizou.


Texto e foto: Thereza Marinho