Em sessão solene, Ufes entregará título de Doutor Honoris Causa a Leonardo Boff

01/08/2018 - 17:53  •  Atualizado 07/08/2018 12:12
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O Conselho Universitário da Ufes (Consuni) entrega nesta segunda-feira, 6, às 19 horas, em sessão solene que será realizada no Teatro Universitário, no campus de Goiabeiras, o título honorífico de Doutor Honoris Causa ao teólogo e escritor Leonardo Boff. Às 20 horas, após a sessão solene, Leonardo Boff ministrará palestra em aula magna de abertura do segundo semestre letivo sobre o tema “No contexto atual, para onde caminha a humanidade e o Brasil?”. A entrada para o evento é aberta ao público.

Doutor em Teologia pela Universidade de Munique (Alemanha), Leonardo Boff é professor universitário, intelectual de elevada produção acadêmica e militante das causas sociais, reconhecido internacionalmente pela sua criação bibliográfica. Foi membro da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) e professor emérito de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia Filosófica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O título de Doutor Honoris Causa é atribuído à personalidade que tenha se distinguido pelo saber e pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. A mensagem da Reitoria da Ufes propondo a outorga do título foi aprovada por unanimidade pelo Consuni, após análise do parecer favorável da Comissão de Assuntos Didáticos, Científicos e Culturais, em sessão realizada no dia 28 de junho.

De acordo com a resolução do Conselho, Leonardo Boff se destaca em todo mundo pela sua perseverante e engajada defesa dos direitos humanos, dos pobres e excluídos, e das causas ambientais, além de sua qualificada e extensa produção bibliográfica, que é referência para pesquisadores das ciências sociais em diferentes países. A resolução destaca ainda que Leonardo Boff contribuiu intensamente com a pesquisa, com inovações filosóficas e com o pensamento moderno na questão dos direitos humanos em diferentes lugares do mundo. Recebeu diversos prêmios internacionais por seus esforços em defesa dos mais pobres e marginalizados, propondo ações humanistas no âmbito do Direito e das organizações e fóruns internacionais.

Semana de Filosofia

Durante sua estadia em Vitória, Leonardo Boff também fará a palestra de abertura da XVI Semana de Filosofia, que acontecerá entre os dias 6 e 10 de agosto, no Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), no campus de Goiabeiras. O evento, realizado pelo Departamento e pelo Centro Acadêmico de Filosofia da Ufes, abordará o tema Novos rumos da política brasileira - Filosofia e o Espectro do Facismo.

A palestra de abertura será no dia 7, às 18 horas, no Teatro Universitário. A programação completa da Semana de Filosofia está disponível na página do evento no Facebook: https://www.facebook.com/xvisemanafilo/

Currículo

Boff é neto de imigrantes italianos e, ainda menino – aos 11 anos – foi estudar no seminário de Luzerna, em Santa Catarina. Graduou-se em Filosofia na cidade de Curitiba (Paraná) e, posteriormente, em Teologia, na cidade de Petrópolis (Rio de Janeiro). Desenvolveu pesquisas avançadas em instituições de ensino prestigiadas da Europa e dos Estados Unidos, como em Wurzurburg, na Alemanha; Lovaina, na Belgica; e Oxford, nos EUA. Concluiu seu doutorado em Munique, em 1970.

Lecionou Teologia Sistemática e Ecumênica por 22 anos no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis. De 1970 a 1995, editou o periódico Concilium – revista internacional de Teologia – além da Revista de Cultura Vozes, de 1984 a 1992, e a Revista Eclesiástica Brasileira, de 1970 a 1984.

Foi professor visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suiça) e Heidelberg (Alemanha), e obteve o título de Doutor Honoris Causa pelas universidades de Turim (Itália), de Lund (Suécia), das Faculdades EST de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, e da Universidade de Rosário (Argentina). Também foi homenageado com o título de Professor Honorário pela Universidade de São Carlos (Guatemala) e pela Universidade de Cuenca (Equador). Exerceu ainda o cargo de assessor da Presidência da Assembleia da Organização das Nações Unidas (2008-2009), e participou do Grupo de Reforma da ONU em relação à Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade.

Por suas concepções filosóficas e teológicas, foi chamado ao Vaticano em 1984 e punido com o “silêncio obsequioso” pela Sagrada Congregação para Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício – tribunal criado na Idade Média), por criticar a estrutura e a hierarquia clerical da Igreja em suas teses publicadas em seu livro Igreja: carisma e poder (1984). Após ser condenado, deixou a Ordem dos Franciscanos. A partir de 1985 deixou de ocupar sua cadeira magistral e suas atividades editoriais na Igreja mas, em 1986, recuperou suas atividades. Em 1992, renunciou às funções eclesiásticas – que exerceu desde 1964, ano em que foi ordenado padre.

 

Texto: Luiz Vital
Edição: Thereza Marinho