Estudo da Ufes mostra o impacto positivo do Bolsa Família para a cura da tuberculose

11/01/2019 - 08:29  •  Atualizado 16/01/2019 06:44
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Um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Epidemiologia da Ufes e publicado pela revista científica The Lancet - uma das mais antigas e reconhecidas revistas médicas do mundo, com elevado fator de impacto na comunidade científica - aponta o efeito positivo do programa Bolsa Família no sucesso do tratamento da tuberculose.

O estudo Efeito do Programa Bolsa Família no resultado do tratamento da tuberculose: um estudo prospectivo de corte, realizado por 15 pesquisadores sob a coordenação da professora do Departamento de Enfermagem, Ethel Maciel, ocorreu no período de março de 2014 a abril de 2017 e acompanhou 1.239 pessoas que haviam iniciado tratamento para a doença, localizadas em 42 centros de saúde de sete cidades do país. O trabalho também foi publicado no site do Centro de Estudos Estratégicos (CEE) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Comparação

A professora Ethel Maciel explica que o estudo utilizou a técnica estatística de propensity score, na qual são comparadas pessoas com características semelhantes, sendo uma beneficiária do Bolsa Família e a outra, não. Após os seis meses estimados para o tratamento, a taxa de cura foi 7,6% maior no grupo de beneficiários. Também foi observado que a proporção de pacientes que abandonaram o tratamento foi inferior a 7% nesse mesmo grupo.

"Este é o primeiro estudo em que se faz uma relação entre a concessão de benefício por meio de um programa social e seu impacto no tratamento de uma doença. O índice de 7,6% pode parecer pequeno, mas é muito quando se trata de uma taxa de cura. Com isso conseguimos alcançar os níveis de cura considerados ideais pela Organização Mundial de Saúde", explica Ethel.

Foram considerados curados os pacientes que completaram o tratamento e tiveram dois testes de baciloscopia negativa, ou melhora clínica e exame físico normal nos casos em que o teste não foi realizado, recebendo alta médica.

Para este ano, a professora afirma que um outro estudo deverá ser realizado, desta vez para estudar o impacto de todos os programas sociais para a cura da tuberculose.

Segundo informações da Caixa Econômica, o benefício básico concedido pelo Bolsa Família é de R$ 89,00 mensais. No entanto, há benefícios variáveis, destinado a família em situação de pobreza ou extrema pobreza que tenham em sua composição gestantes, nutrizes (mães que amamentam), crianças e adolescentes de 0 a 15 anos. O valor de cada benefício é de R$ 41,00 e cada família pode acumular até cinco benefícios por mês, chegando a R$ 205,00. No caso das famílias em situação de extrema pobreza, o benefício pode chegar ao máximo de R$ 372,00 por mês. Mais informações em http://www.caixa.gov.br/programas-sociais/bolsa-familia/paginas/default.aspx .

 

Texto: Thereza Marinho
Imagem: CEE/Fiocruz