Matrícula revela histórias de quem superou desafios para ingressar na Ufes

14/03/2017 - 17:19  •  Atualizado 21/03/2017 17:56
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A matrícula presencial para os aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para ingresso na Ufes, realizada entre os dias 6 e 10 de março, reuniu estudantes e familiares de diferentes realidades e regiões, reforçando a ideia de democratização do acesso ao ensino superior.

O sistema de reserva de vagas têm propiciado mais oportunidades para estudantes que, antes, ficavam fora da universidade pública. Para a professora do curso de Biblioteconomia Maria Cristina Figueiredo Aguiar Guasti, a adesão integral da Ufes ao Sisu e o ingresso por meio do Enem abre ainda outras perspectivas, oportunizando a universalização das vagas. “Com o Sisu estaremos ampliando o acesso dos estudantes que vivem fora dos grandes centros, dos polos universitários”.

A professora também afirma que está cada vez mais comum acompanhar a chegada de estudantes que são os primeiros de suas famílias a ter acesso ao ensino superior. Segundo ela, a democratização do acesso às universidades públicas se mostra de grande ajuda para o desenvolvimento social do país e melhoria das condições de vida dessas famílias, além de servir de inspiração para muitas pessoas.

Conheça abaixo histórias de quem, mesmo enfrentando dificuldades, não desistiu do sonho de ingressar na Universidade.


A primeira da família

Alegria era o sentimento de dona Alda Nascimento (foto), que veio acompanhar a matricula da neta Tairane, de 17 anos. A estudante, que optou pelo sistema de cotas, é a primeira da família a ingressar em um curso de ensino superior. A escolha foi Letras Português-Espanhol.

A adolescente afirma que é muito gratificante ser a primeira entre os parentes a ter essa oportunidade. Para a avó, que nunca esteve em uma sala de aula e só aprendeu a escrever o nome, a felicidade é muito grande. “Estou muito alegre, pois acompanhei o estudo dela. Eu desejo muito que ela seja feliz e se dedique muito aos estudos”, afirma dona Alda.


Do artesanato à Pedagogia

Treze anos longe das salas de aula não impediram Carla Silva, de 32 anos, de tentar uma vaga no curso de Pedagogia. Aprovada, ela compareceu ao campus de Goiabeiras na última sexta-feira, 10, para efetivar sua matricula. O caminho percorrido também foi longo, já que Carla saiu de La Paz (Bolívia) há cerca de 10 anos para viajar o Brasil trabalhando como artesã. A boliviana, que reside em Vitória desde 2014, sempre foi muito incentivada por amigos e clientes a retomar os estudos. “Eu tive muito apoio das pessoas. Quando eu falava que não tinha segundo grau completo muita gente dizia pra eu fazer supletivo e o Enem, para tentar o Sisu”.

Falando um português muito claro e com muita alegria, a futura pedagoga diz que estudou por conta própria e se inscreveu pelo sistema de reserva de vagas para garantir seu lugar no curso, escolhido pela vontade de exercer uma profissão em que é possível fazer o bem ao próximo.


Mudar de cidade

Já para Gabriele Vargas, de 18 anos, o momento de fazer matrícula foi mais um desafio vencido. A estudante veio a Vitória sozinha trazer a documentação necessária para se inscrever no curso de Ciências Econômicas. Filha de profissionais autônomos, Gabriele também é a primeira da família, que reside em Conceição do Castelo, a se matricular em uma Universidade. Por esses dois motivos ela conta que, em casa, o sentimento é de muito orgulho. “Mas também envolve um pouco preocupação, porque vou ter que morar em Vitória”, disse.

 

Texto e foto: Isabella Altoé (estagiária de Comunicação)
Edição: Thereza Marinho