Monumento Universitário, símbolo artístico da Ufes, completa 30 anos

09/06/2017 - 17:18  •  Atualizado 01/11/2022 09:26
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O Monumento Universitário – um dos mais representativos símbolos artísticos da Ufes – completa 30 anos de sua instalação no campus de Goiabeiras. A escultura de concreto, erguida na área física do Centro de Artes, com 13 metros de altura e 30 toneladas, foi inaugurada em 10 de junho de 1987.

Concebida e planejada pelo professor da Ufes e artista plástico José Carlos Vilar Araújo, a obra evidencia a integração e interatividade entre os três segmentos acadêmicos: professores, técnicos e estudantes. A escultura, que propõe elementos humanos em movimento, ressalta a mobilização e a efervescência da comunidade universitária, de acordo com o seu criador.

A concepção do simbólico monumento surgiu como projeto de pesquisa sobre arte em concreto, envolvendo pesquisadores dos centros de Artes e Tecnológico. O conceito da escultura foi idealizado por Vilar, que se aposentou, e o projeto estrutural e de materiais – ferro e concreto – foi desenvolvido pelo professor Carlos Augusto Calmon Nogueira da Gama, do curso de Engenharia Civil, igualmente aposentado. Na ocasião, o projeto foi apresentado ao então reitor José Antônio Saadi Abi-Zaid, que disponibilizou o apoio do Instituto Tecnológico da Ufes (Itufes) e dos órgãos que compõem a atual Prefeitura Universitária. Aprovada pela reitoria, a construção teve a participação de professores, servidores técnicos e estudantes, e sua instalação foi realizada.

Professor de escultura do Centro de Artes da Ufes por 35 anos, Vilar, como assina as suas obras, é uma das mais importantes referências da arte contemporânea no Espírito Santo, e mestre de várias gerações de artistas e professores de arte. Vilar é um reconhecido pesquisador da arte contemporânea, com intensa atuação em laboratórios de pesquisa e projetos de extensão, na graduação e pós-graduação. O escultor está presente na cena artística capixaba desde 1972 e, mesmo aposentado, mantém frequente produção artística e assídua participação em diversas atividades acadêmicas.

Ditadura

O criador do Monumento Universitário da Ufes, o professor e artista plástico José Carlos Vilar, conta que a efervescência política na universidade na década de 1980 – com o fim da ditadura militar – que mobilizava a comunidade universitária, o inspirou na concepção do projeto.

“Era intensa a participação dos professores na Associação dos Docentes (Adufes), dos servidores técnicos no Sintufes, e dos estudantes no Diretório Central (DCE), e esses movimentos, cada qual com suas especificidades, convergiam para algo muito maior, que era a defesa da universidade”, salienta o artista.

Durante o regime militar a universidade sofreu forte controle, os movimentos eram duramente reprimidos e as entidades representativas desmanteladas. Com a retomada da democracia, a comunidade universitária queria ser mais produtiva, abrir espaços de criação e ter liberdade. “Esse ambiente de mobilização em defesa da universidade me impulsionou a elaborar o projeto da escultura”, acrescenta.

Participação especial

O criador do monumento relembra que muitos estudantes, de Artes e das engenharias, também participaram. Kleber Frizzera, professor do curso de Arquitetura, também colaborou. Uma participação especial, segundo destaca Vilar, foi do operário em construção civil Antônio Neto da Silva, servidor da Ufes no antigo Escritório Técnico-Administrativo (ETA), e que se aposentou.

“O Antônio era um pedreiro muito competente e dedicado, e foi peça fundamental na construção do monumento”, reconhece Vilar. “Ele trabalhava diariamente na obra, e ficávamos nós dois, sob muito sol, envolvidos no projeto”, acrescenta. “Foi um trabalho não convencional de concretagem, e o Antônio, muito caprichoso, aplicava o concreto com as mãos, definindo as formas da escultura como um artista”, acentuou. Na placa de inauguração afixada no monumento está registrado: “Participação especial – Antônio Neto da Silva”.

A comemoração pelas três décadas de construção do Monumento Universitário é bem recebida pelo seu criador. “Fico feliz. É muito importante a universidade promover ações de preservação de seus símbolos, e aquele monumento, particularmente, é um patrimônio da Ufes”, salienta.


Texto: Luiz Vital
Foto: Evandro Campos
Edição: Thereza Marinho