Mulher e mercado de trabalho: "É preciso garantir a igualdade real, na prática"

12/04/2019 - 17:46  •  Atualizado 01/11/2022 09:17
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“A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento internacional, criado após uma grande guerra, para defender os direitos de igualdade. Mas não basta que se declare a igualdade formal. É preciso garantir a igualdade real, na prática”. Foi com essa afirmação que a desembargadora e presidente do Tribunal Regional do Trabalho no Espírito Santo (TRT-ES), Ana Paula Tauceda, iniciou a palestra sobre “A Mulher e o Universo do Trabalho após 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, realizada nesta sexta-feira, 12, no Cine Metrópolis.

Ela destacou os dados apurados pela última pesquisa do IBGE, segundo a qual as mulheres ainda ganham, em média, 30% a menos que os homens, considerando trabalhadores que desempenham uma mesma função.

Durante a palestra, a desembargadora também criticou a atual proposta de reforma da Previdência: “As nossas mulheres trabalham muito para se aposentar com as mesmas regras dos homens. Temos tripla jornada. Essas reformas têm um déficit democrático muito grande. As pessoas precisam ser respeitadas em suas diferenças”.

Samba

O evento, aberto ao público, contou com a presença da chefe de Gabinete da Reitoria, Maria Auxiliadora Corassa; da presidente da Comissão de Elaboração de Políticas para a Prevenção de Assédio Sexual e Violência de Gênero na Ufes, professora Catarina Gazele; da presidente da Comissão de Humanização nas Relações de Trabalho e Prevenção de Assédio Moral, Edirene Coninck; e da primeira dama da escola de samba capixaba Novo Império, Larissy Santos, que, na abertura do encontro, falou sobre o Carnaval que a escola levou este ano para o Sambão do Povo, abordando questões relativas à mulher, suas lutas e suas conquistas.

“O samba foi a culminância de um trabalho de quatro anos. Quando se fala de mulher no samba, logo se lembra das passistas e da rainha de bateria, que muitas vezes são vistas como garota de programa. Para buscar mudar essa imagem, promovemos debates com a comunidade, até que culminamos com esse samba sobre a mulher”, contou. Ela também mostrou, por meio de imagens do desfile, como a escola abordou temas como violência, feminicídio, casamento e direito ao voto.

Para a presidente da Comissão de Humanização nas Relações de Trabalho e Prevenção de Assédio Moral, Edirene Coninck, as pessoas ainda subjugam as mulheres nos espaços de trabalho. “A sociedade ainda precisa muito se educar. Temos que começar a nos tratar como pessoas, independente de gênero, de posição social”, afirmou.

Sensibilização

Já a presidente da Comissão de Elaboração de Políticas para a Prevenção de Assédio Sexual e Violência de Gênero na Ufes, professora Catarina Gazele, destacou o empenho da Universidade em acolher denúncias e buscar soluções.

“Temos que ter um olhar atento e muito cuidadoso para essas relações de hierarquia no meio do trabalho e no meio acadêmico. A Ufes tem seguido um caminho de abertura para discutir essas questões de modo oficial e buscado soluções. Temos realizado campanhas de prevenção, seminários. A Universidade quer o conhecimento, mas também quer a paz social”, destacou.

A palestra foi uma iniciativa da Ufes como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher e do Dia Nacional da Mulher, este celebrado no Brasil em 30 de abril, em homenagem ao nascimento de Jerônyma Mesquita, enfermeira brasileira que lutou para garantir direitos às mulheres e que colaborou com a criação do Conselho Nacional das Mulheres.

“Estamos no século XXI, mas ainda precisamos falar sobre isso. As pessoas precisam ainda ver, ouvir, participar e se sensibilizar com essas questões”, afirmou a chefe de Gabinete da Reitoria, Maria Auxiliadora Corassa.

 

Texto e foto: Thereza Marinho