Obras danificadas pelas chuvas em Iconha são recuperadas pelo Núcleo de Restauração da Ufes

31/01/2020 - 12:42  •  Atualizado 04/02/2020 12:59
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Obras de arte, documentos e livros estão entre os itens que compõem o acervo do Espaço Cultural Zoé Rodrigues Misságia, localizado em Iconha (sul do estado) e estão sendo tratados em uma ação conjunta que envolve o Núcleo de Conservação e Restauração (NCR), no campus de Goiabeiras da Ufes, e a Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

O Espaço, que fica no centro da cidade, foi invadido pela lama levada pela força das chuvas que atingiram a região e grande parte do patrimônio cultural do município foi danificado. No local também funcionam a Biblioteca Municipal e o Instituto Histórico e Geográfico de Iconha, além de duas galerias de arte e da sala de ensaio da banda municipal.

A ação é resultado de uma demanda de resgate emergencial realizada pela Secult. Quinze voluntários, entre servidores do NCR e do estado, estudantes bolsistas da Ufes com experiência em conservação de obras e restauradores particulares, viajaram para Iconha no último dia 23 e retiraram cerca de 140 peças do meio da lama, acervo que encontra-se atualmente no Núcleo.

Acervo

O patrimônio do Espaço Cultural é formado, basicamente, por doações. Dentre os objetos que estão salvaguardados no NCR, estão documentos de famílias tradicionais de Iconha, gravuras e um grande conjunto de pinturas do artista local Elias dos Santos Silva.

De acordo com a técnica em restauração do NCR Aline Ramos, documentos e livros estão entre os objetos que sofreram maiores danos, por serem de papel. “No caso dos documentos, a guarda em plástico causa o acúmulo de lama no interior das pastas. O fato de a lama ser formada por muita matéria orgânica potencializa a deteriorização e proliferação de fungos e bactérias dentro desses recipientes”, explica ela.

Tratamento emergencial

Nesta fase de tratamento emergencial, os trabalhos concentram-se em manter a estabilidade do que foi recuperado. Os técnicos do Núcleo de Conservação e Restauração identificaram cada objeto por meio de registro fotográfico e catalogação de fichas, contendo o estado de conservação inicial. “Em seguida, separamos os itens por tipologia e grau de deteriorização hierarquizado, sendo traçadas prioridades de tratamento de acordo com o estado em que a peça chegou e sua importância na composição do acervo do Espaço Cultural”, esclarece Aline.

O trabalho realizado pelos técnicos, bolsistas e voluntários consiste em remoção da lama, limpeza, desinfestação, secagem e preparação para guarda e acondicionamento no NCR, até que recursos e projetos para restauração sejam feitos. “Como estamos trabalhando com poucas pessoas, o tempo será mais longo do que deveria. Teremos alguns meses de trabalho pela frente, além do acompanhamento diário de como as obras vão reagir ao longo do tempo, até o efetivo início das ações de restauração”, salienta a restauradora.

Atualmente, o Núcleo de Conservação e Restauração conta com duas técnicas em restauração e um bolsista. O Museu de Arte do Espírito Santo (Maes) cedeu uma bibliotecária e um bolsista, e o Arquivo Público do Espírito Santo (Apees) enviou um restaurador e uma estagiária. O restante do grupo de trabalho é composto por voluntários especializados em restauração e capacitados anteriormente pelo NCR, que atuam de acordo com a disponibilidade pessoal. Toda a ação tem tido acompanhamento regular da museóloga da Secult, Paula Costa.

Interessados em conhecer os trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo de Conservação e Restauração da Ufes podem entrar em contato pelo telefone (27) 4009-2585 ou pelo email conservacao.restauracao.ufes@gmail.com.

 

Texto: Adriana Damasceno
Foto: Aline Ramos
Edição: Thereza Marinho