O Grupo de Trabalho (GT) designado pela Reitoria para avaliar as medidas adotadas pela Ufes em função da pandemia e planejar a retomada de atividades divulgou, nesta segunda-feira, 22, o resultado das enquetes realizadas com servidores técnico-administrativos em Educação –TAEs (leia a íntegra do resultado no documento anexado abaixo). Participaram do levantamento 420 técnicos.
Apesar de a participação corresponder a 20,5% do total de profissionais, a pró-reitora de Graduação, Cláudia Gontijo, que integra o GT e é professora do Centro de Educação, avalia que os resultados expõem as condições de trabalho dos dois grupos de servidores, que possuem características diferentes: os que estão em trabalho remoto e os que atuam presencialmente no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-Ufes), os quais lidam com o risco de contágio pelo novo coronavírus, além da intensificação de suas rotinas de trabalho.
“As sugestões registradas para minimizar dificuldades com escalas e aumentar a segurança no trabalho são essenciais para a gestão do Hospital Universitário. Quanto aos técnicos que realizam atividades remotas, observa-se que apontam dificuldades com equipamentos, mobiliário e aumento de atividades, pois passaram a incluir, em suas rotinas, cuidados com crianças e idosos. Mesmo diante desse quadro, o questionário aponta que eles têm buscado meios para realizar a contento o trabalho, pois consideram que a manutenção do isolamento social, neste momento, é o meio essencial para garantir a proteção da saúde”, resume a pró-reitora.
Os dados brutos do levantamento com os TAEs estão disponíveis para consulta, juntamente com as informações relativas à enquete realizada com estudantes e professores, no link https://nuvem.ufes.br/index.php/s/ZTcPBAsAbHaimjJ.
Perfil dos participantes
A maioria dos participantes trabalha nos campi de Goiabeiras (61,19%) e Maruípe (22,14%), e reside em Vitória (49,52%). O transporte público é utilizado por 33% dos entrevistados para ir ao local de trabalho, o que indicaria um risco adicional de conviver com aglomerações quando for avaliado que há condições para se retornar ao trabalho presencial – o que não existe, por enquanto, segundo a professora Cláudia Gontijo.
Dentre os técnicos que responderam ao questionário, 6,19% indicaram possuir algum tipo de deficiência e 31% afirmaram que têm risco/comorbidade para a COVID-19. A maioria (54%) afirmou que convive com pessoas do grupo de risco, que requerem cuidados dos respondentes durante o isolamento social.
Do total, 68,9% indicaram ter que cuidar de pessoas de sua família, em uma ou mais situações como: ter filhos em idade escolar que necessitam do seu acompanhamento (30,71%); filhos que não estão em idade escolar, mas necessitam de cuidados (10%); guarda compartilhada de filhos/as que carecem de cuidado e atenção (0,95%); colaboração no cuidado de familiares (30,95%); cuidado com dependentes com fatores de risco/comorbidade para a COVID (15,71%); e convivência com pessoas que necessitam de cuidados (26,67%).
Hucam
Dentre os que responderam à pesquisa, os servidores que atuam no Hucam-Ufes equivalem a 10% do total. Em relação aos equipamentos de proteção individual (EPIs), 52% deles apontaram satisfação parcial com os itens. Com isso, o relatório sugere ajustes na distribuição dos EPIs para garantir a proteção dos servidores.
Perguntados sobre as escalas de trabalho, 55% apontaram dificuldade de cumpri-la. A maioria dos servidores desse grupo (66,67%) acredita que a escala ideal para este momento seria a de 12 horas trabalhadas por 60 horas de intervalo (12/60), para melhor proteção dos trabalhadores. “Os profissionais da saúde que trabalham no Hospital merecem nossa atenção, pois estão, cotidianamente, expostos à contaminação. Nesse sentido, arriscam suas vidas para salvar outras vidas, o que gera inseguranças, medos e preocupações”, aponta Cláudia Gontijo.
A maioria desse grupo de trabalhadores (83%) apontou que os locais de descanso estão inadequados, o que foi sinalizado como “grave” no relatório, onde se propõe o aprimoramento dos espaços de alimentação, de guarda de pertences pessoais e de descanso.
Dentre as dificuldades listadas por esses respondentes, estão ainda o afastamento de servidores devido a enfermidades; carga horária adicional em função de aumento do trabalho ou da ausência de colegas com suspeita de COVID; dificuldade de organizar a rotina devido ao fechamento de escolas e creches e às aulas remotas; preocupação com familiares do grupo de risco; e estresse em função do isolamento.
Trabalho remoto
Em relação aos servidores em trabalho remoto, o levantamento concluiu que, “apesar das dificuldades, estes têm buscado alternativas para realizar esse trabalho, pois elas colaboram para a proteção da saúde dos trabalhadores. Além disso, é necessário salientar que as atividades administrativas têm sido mantidas graças ao trabalho realizado por essa categoria”.
A maioria dos servidores que estão em trabalho remoto apontou que tem um sinal bom de internet para trabalhar (70,11%) e possui equipamento para usar em casa: podendo marcar mais de uma resposta, 76,9% indicaram ter notebook; 15,71% afirmaram ter computador de mesa; 66,67% disseram usar o celular smartphone e 8,1%, o tablet.
Quando perguntados sobre as dificuldades para a realização do trabalho remoto, 15,05% apontaram a falta de local adequado para o trabalho; 11,43% indicaram problemas de falta de internet ou a qualidade ruim; 6,9% afirmaram não ter familiaridade com as técnicas e ferramentas para o trabalho remoto e 4,76% marcaram ter falta de equipamentos. Na opção "outras", 10,71% dos entrevistados citaram situações como dificuldade de conciliar o trabalho com a rotina de filhos e a rotina doméstica, problemas de mobiliário, qualidade de equipamentos, computadores em quantidade insuficiente para a necessidade da família, falta de convívio com colegas e dificuldades tecnológicas.
Pensando em um futuro retorno ao modo presencial, ainda não anunciado pelos órgãos de saúde pública, foram levantados aspectos relativos ao local de trabalho desses servidores na Ufes. A maioria dos respondentes (86%) atua em setores que fazem atendimento direto ao público, seja de estudantes, servidores, público externo, terceirizados, fornecedores etc. Quase 70% dividem sala com mais de duas pessoas. Questionados sobre a possibilidade de manter o distanciamento social em seu local de trabalho, 40% disseram que é viável e o restante avaliou que não.
“Dados relativos à possibilidade ou não de aplicação do distanciamento social indicado pelos órgãos de saúde, por exemplo, podem ser úteis, pois indicam que vários espaços precisarão ser reorganizados, assim como as rotinas de trabalho. Contudo, os dados da pesquisa com os gestores, certamente, contribuirão mais para pensar os espaços de trabalho”, conclui a professora Cláudia Gontijo.
Texto: Lidia Neves
Imagem: Unidade de Comunicação do Hucam-Ufes/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)
Edição: Thereza Marinho