Professor da Ufes falará sobre fake news em seminário na Câmara dos Deputados

21/05/2018 - 17:18  •  Atualizado 23/05/2018 11:35
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O professor do Departamento de Comunicação Social da Ufes e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), Fábio Goveia, será um dos palestrantes no Seminário Proteção de Dados Pessoais, promovido pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 22, em Brasília. Único representante de uma universidade federal no debate, Goveia estará no painel “Tratamento a notícias falsas – fake News”, juntamente com mais nove especialistas, entre eles representantes das empresas Facebook e Google.

O seminário é uma realização da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, em conjunto com a Comissão Especial do Projeto de Lei 4.060/12 (PL), em tramitação, que discute sobre o tratamento e proteção de dados pessoais. O PL pretende regulamentar as condições com que as informações sobre as pessoas são tratadas pelos detentores dos bancos de dados e, ao mesmo tempo, a devida proteção aos direitos dos cidadãos que têm seus dados armazenados em redes sociais, por exemplo. Isso porque a exposição e comercialização de informações estratégicas e da privacidade das pessoas é assunto que preocupa do ponto de vista das liberdades civis e da própria segurança pessoal.

O seminário vai abordar ainda temas como “Abordagem regulatória para o tratamento de dados pessoais” e “O uso de dados pessoais como instrumento de campanha eleitoral e a persuasão da opinião pública”.

Referência

O Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) é uma referência nacional quando o assunto é monitoramento de redes sociais. Considerado um dos mais importantes laboratórios de Ciência de Rede do mundo, o Labic foi muito citado, recentemente, em jornais e revistas nacionais e internacionais com um estudo sobre a disseminação de notícias falsas nas redes sociais, também conhecidas como “fake news”, no caso do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março.

Segundo um dos coordenadores do Labic, Fábio Malini, repórteres do jornal O Globo perceberam que parte das postagens que associavam Marielle ao traficante Marcinho VP tinham o mesmo conteúdo. Os jornalistas desconfiaram do fato de que a notícia falsa foi replicada nas redes sociais por um conjunto de páginas diferentes, de forma coordenada. Entretanto, eles não tinham a tecnologia para fazer o mapeamento e pediram ajuda para o Labic. A partir daí foram descobertas as origens dos boatos e feito o mapeamento das páginas que replicaram as´fake news´.

Fábio Goveia explica que essa é uma estratégia muito utilizada, pois quem está sendo agredido não consegue se defender em todos os lugares ao mesmo tempo. “As pessoas que veem a mesma notícia falsa sendo dita por pessoas diferentes em diversos lugares, no facebook e em outras redes ao mesmo tempo, começam a acreditar que, de fato, é um elemento verdadeiro. Essa estratégia é o que potencializa e amplifica o que tem sido chamado de fake news”, alerta ele.

O Labic conta com cerca de 20 pesquisadores e bolsistas de áreas como saúde, humanidades e engenharias. Na coordenação também estão os professores do Departamento de Comunicação Social, Fábio Malini, do Departamento de Engenharia Elétrica, Patrick Ciarelli e a professora do Departamento de Serviço Social, Adriana Ilha. Para saber mais sobre o trabalho do laboratório acesse www.labic.net.

 

Texto: Hélio Marchioni
Edição: Thereza Marinho