Software que auxilia na detecção de câncer de pele recebe prêmio internacional

12/08/2020 - 15:01  •  Atualizado 01/11/2022 09:22
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O desenvolvimento de algoritmo para um software que superou propostas similares na precisão para detecção de câncer de pele num ambiente de imagens diversas resultou em prêmio para o doutorando de Informática da Ufes André Pacheco, orientado pelo professor Renato Krohling, na maior conferência mundial sobre visão computacional. O trabalho, que tem por base o algoritmo Gram-OOD*, recebeu o prêmio de melhor artigo na sessão da Skin Image Analysis Workshop (ISIC), da Conference on Computer Vision and Pattern Recognition (CVPR), no mês de junho, nos Estados Unidos.

“A CPVR é a maior conferência mundial nessa área. E a ISIC é uma organização que fomenta pesquisa na área de detecção de câncer de pele. Tem um workshop dentro da conferência, no qual são discutidas soluções nessa área”, explica o doutorando.

O problema para o qual o projeto apresentou solução de destaque diz respeito ao limite da inteligência artificial no entendimento de questões simples ao olhar humano, mas complexas para as máquinas. “O ser humano consegue diferenciar de maneira fácil entre uma foto de cachorro e de uma lesão de pele, o que é cada uma das imagens. Mas, para a inteligência artificial, isso é algo muito difícil de resolver, pois o software é muito eficiente quando está num universo de imagens apenas de lesões de pele, mas não em outras situações. Vários pesquisadores do mundo propõem soluções para isso, mas é um problema em aberto. O que a gente propôs foi um algoritmo que ataca especificamente esse problema e consegue, na maioria das vezes, ganhar dos demais algoritmos na detecção em amostras que a gente chama de ‘fora de distribuição’, ou seja, que não são apenas de lesões de pele”, afirmou o pesquisador.

Pré-diagnóstico

Para desenvolver o algoritmo Gram-OOD*, foi utilizado o banco de dados da ISIC, cujas imagens de lesões de câncer de pele e dados demográficos de pacientes são acessadas por pesquisadores em todo o mundo, para que todos trabalhem sobre uma base de dados única. Porém, os estudos iniciais de Pacheco começaram no Espírito Santo, em 2017, em parceria com o Programa de Assistência Dermatológica e Cirúrgica (PAD) da Ufes, para onde o trabalho retorna agora. “Estamos desenvolvendo um software para, a partir de uma foto de celular, auxiliar os médicos generalistas e enfermeiros do interior, onde muitas vezes não tem dermatologistas, no pré-diagnóstico, para dizer se a lesão indica câncer ou não”.

No ano passado, em um doutorado sanduíche – quando parte dos estudos é feita em universidade fora do país – realizado na Dalhousie University, no Canadá, a pesquisa foi aprofundada para chegar ao resultado de agora. A intenção é que a validação do protótipo do aplicativo com a utilização do algoritmo Gram-OOD* seja feita aqui no Espírito Santo, com os pacientes do PAD/Ufes, o que foi adiado, por enquanto, devido à pandemia da COVID-19.

Cooperação internacional

Para o professor orientador do projeto, Renato Krohling, o prêmio recebido significa o “reconhecimento científico” do que é produzido na pós-graduação da Ufes e da qualidade do doutorado e dos alunos que, inclusive, estão fazendo cooperação internacional.

Ele destaca que, assim como na área de saúde, outros projetos desenvolvidos pelo Programa de Pós-Graduação em Informática buscam fomentar a interdisciplinaridade, entendendo a inteligência artificial como algo auxiliar e colaborativo. “Em todas as áreas, os especialistas são o mais importante”, afirmou.

 

Texto: Sueli de Freitas
Imagem: Divulgação
Edição: Thereza Marinho