Tragédia Mariana-Rio Doce completa 1 ano. Veja ações da Ufes neste período

04/11/2016 - 15:57  •  Atualizado 09/11/2016 13:14
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Neste sábado, 5 de novembro, completa-se um ano em que milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério enlameiam o Rio Doce, desde Mariana, Minas Gerais, até a sua foz, no mar do Espírito Santo. O maior desastre socioambiental do país matou 19 pessoas, deixou desabrigadas as 236 famílias que viviam no povoado de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), acabou com o sustento de ribeirinhos que viviam às margens do rio e dos pescadores do distrito de Regência (ES). No entanto, o Rio Doce não era apenas um meio de sustento para essas pessoas, era também sua referência sociocultural. Era no rio que algumas comunidades tradicionais batizavam seus familiares, onde as crianças brincavam, onde os animais matavam a sede e cujas águas também irrigavam as lavouras. Trata-se, portanto, de uma tragédia socioambiental sem precedentes no mundo.

Desde os primeiros momentos do anúncio do rompimento da barragem de Fundão, localizada na cidade de Mariana e de propriedade da Vale e BHP Billiton, pesquisadores, professores, estudantes e servidores da Ufes se mobilizaram para prestar apoio aos afetados e aos órgãos públicos diretamente envolvidos na análise e na redução dos danos. Em uma ação integrada, esses grupos puseram o pé na lama e, a partir de suas especialidades, participaram de caravanas ao longo dos quase 700 km do rio para trabalharem junto às populações atingidas e embarcaram no navio hidroceanográfico Vital de Oliveira, com o objetivo de compreender os impactos e as alterações nos processos naturais e assim auxiliar os órgãos ambientais nas análises da dispersão da pluma e na identificação da extensão do impacto.

Os relatórios de pesquisa sobre os impactos do desastre da Samarco desenvolvidos pela Ufes por meio do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Mobilização Social (Organon) e dos professores do Departamento de Oceanografia e Ecologia, que participaram das análises das amostras coletadas durante a expedição do Navio Vital de Oliveira, foram citados para fundamentar parte das acusações feitas pela Força-Tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na primeira ação civil pública contra as mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton.

A ação do MPF também traz as entrevistas que os pesquisadores realizaram com a população ribeirinha e apresenta trechos do relatório técnico-parcial escrito pelo grupo Meio Marinho, destacando os resultados relativos aos altos índices de turbidez da água e ao aumento das concentrações de alumínio, ferro, manganês e crômio na desembocadura do Rio Doce.

Neste portal Rede Ufes-Rio Doce estão disponíveis os relatórios das pesquisas já realizadas e as propostas de trabalho dos grupos que estão no campo. O leitor pode conferir também artigos e reportagens que foram publicadas em revistas nacionais e internacionais que trazem à tona as atividades desenvolvidas pelos pesquisadores da Ufes. As pesquisas não param. Os pés continuam na lama.

 

Texto: Leticia Nassar
Foto: Jorge Medina
Edição: Thereza Marinho