Garantir a integridade dos recém-nascidos cujas mães são dependentes de substâncias psicoativas como crack, álcool e outras drogas é uma das principais preocupações da equipe do setor de Psicologia Materno-Infantil do Hucam, que vem observando, a cada dia, o crescente número entre as pacientes que são usuárias de drogas.
Essa situação tem gerado questionamentos e preocupações por parte da equipe, seja pela demanda e complexidade no atendimento ou pela atenção especial que a situação requer, como acompanhamento sistemático da família, acolhimento e abrigamento da criança, além de tratamentos nos serviços de saúde.
“O atendimento realizado tem como objetivo trabalhar não apenas a relação mãe-bebê, mas nas questões voltadas à saúde dessas pacientes, verificar o lugar que a droga ocupa na vida delas. Por isso é necessário contar com o envolvimento de toda a equipe do Hospital, para garantir uma atenção integral de todo o processo, englobando tanto a saúde física, como a psíquica e o social”, explica a psicóloga Fernanda Stange.
Stange enfatiza ainda que o tratamento depende de cada caso, mas o trabalho tem como principal fator a humanização no atendimento, onde é oferecida a assistência aos bebês internados na Unidade de Terapia Infantil (Utin) e suas famílias. “Após uma primeira conversa se determina qual é o melhor tipo de acompanhamento e qual o tratamento que a paciente necessita ”, explica a psicóloga.
Riscos
Vale ressaltar que a mulher grávida que é dependente química corre vários riscos que podem comprometer a sua saúde e a da criança. Para a mãe os principais riscos são overdose, acidentes, depressão e eclampse. Para o bebê, a droga pode provocar um sofrimento fetal, batimentos cardíacos alterados, parto prematuro e descolamento de placenta. Além disso, após o nascimento, o bebê sofre de abstinência pela falta da substância psicoativa.
A psicóloga explica que a identificação das pacientes dependentes às vezes é realizada durante o pré-natal, mas a maioria é identificada quando as mesmas preenchem a ficha de internação, ou quando chegam apresentando sintomas de abstinência ou de uso recorrente. Algumas negam que são dependentes, mas a confirmação é feita por familiares ou pelas unidades de saúde, conselhos tutelares ou juizados.
A equipe do Setor de Psicologia Materno Infantil é formada pela psicóloga Fernanda Stange Rosi e pelas estagiárias Rovena Esmidre, Camila Marchiori, Jessica Dadalto e Luma Zagotto. O setor também conta com apoio de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e assistentes sociais.
Por Jorge Medina