Projeto cria modelos de biscuit para auxiliar professores de Ciências e Biologia

05/08/2021 - 11:35  •  Atualizado 06/08/2021 10:28
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“A biologia celular é uma área da Biologia fascinante, mas geralmente é trabalhada na educação básica de forma monótona”. A constatação de Karina Mancini fez com que a professora, lotada no Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes/Ufes), criasse em 2010 o projeto de extensão Formando pesquisadores: a Biologia Celular na prática. A ação atende professores dos ensinos fundamental e médio das redes públicas e privadas de São Mateus, disponibilizando modelos de biscuit de células e tecidos, oficinas e atividades, que atuam como facilitadores no processo de ensino-aprendizagem de estudantes.

Formando pesquisadores: a Biologia Celular na prática foi uma das 26 ações finalistas da edição 2020 do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina e é mais um tema da série de reportagens sobre projetos e programas de extensão que são planejados, coordenados e executados pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex). As reportagens (veja a lista abaixo) são publicadas todas as quintas-feiras, no portal da Ufes.

Contando com um significativo número de estudantes de graduação e pós-graduação atuando como voluntários (sendo a maioria do curso de licenciatura em Ciências Biológicas do campus de São Mateus), o projeto cria modelos tridimensionais de organelas, células básicas (procarionte e eucarionte animal e vegetal) e células especializadas, montadas em base de isopor e papelão e recobertas com massa de biscuit. Os extensionistas já produziram 98 modelos, todos apresentando estruturas em cores vibrantes e formas variadas, sendo, portanto, inclusivos para deficientes visuais.

Ações

Karina Mancini explica que o projeto proporciona aos professores e estudantes da educação básica um importante e concreto recurso pedagógico, estando em consonância com a crescente tendência de tirar o professor do centro da sala de aula, tornando o aluno um indivíduo atuante. “As ações viabilizam a visualização do conteúdo celular, considerado abstrato e complexo. Nossa proposta é nós fazermos os modelos didáticos e entregarmos para o professor, que faz uso desses modelos sem ter que, ele mesmo, elaborar, comprar material, ter as habilidades e o tempo para moldar”, destaca.

Os materiais são disponibilizados de acordo com a necessidade dos professores, que podem, eles mesmos, usar os modelos com as turmas e depois devolver o material ou solicitar que os extensionistas levem e trabalhem os modelos com os alunos. “O Ceunes conta com carros oficiais que frequentemente transportam os extensionistas para ações nas escolas e eventualmente transportam alunos das escolas para ações no ambiente universitário”, lembra a coordenadora.

A equipe de extensão (fotos ao lado) realiza, ainda, oficinas de construção de modelos e organiza visitas ao Laboratório de Microscopia do campus de São Mateus, coordenado por Karina Mancini. “Levar os modelos para as escolas e promover oficinas e visitas são as opções mais frequentemente adotadas, o que representa o caráter extensionista do projeto, pois coloca a equipe de graduandos em contato direto com a comunidade escolar”, destaca.

Entre 2019 e 2020, os extensionistas se concentraram na submissão de proposta para o edital Centelha, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), que estimula o empreendedorismo inovador para o desenvolvimento de produtos e processos. Assim surgiu a empresa de modelos Celulart, cuja proposta é comercializar cursos e modelos semelhantes aos já desenvolvidos pelo projeto de extensão.

Impacto

Segundo a coordenadora, as intervenções realizadas proporcionam a professores, estudantes e extensionistas o conhecimento de novas metodologias de ensino e a motivação para trabalhar e aprender conteúdos microscópicos: “É evidente e gratificante o impacto do projeto sobre alunos e professores. Os primeiros participam ativamente das intervenções e compreendem melhor os conceitos-chave; os últimos, além de retratarem o progresso dos alunos após as intervenções do projeto, ainda sentem-se apoiados pela Universidade”.

A professora Ivania Soares é uma das professoras que usou os modelos de células e organelas membranosas com alunos de Ciências e Biologia da primeira série do ensino médio da Escola Estadual Ceciliano Abel de Almeida. Segundo ela, a experiência trouxe melhor aprendizado da morfologia e do funcionamento de cada estrutura presente nas células. “Ao terem contato com material lúdico, os alunos mostram-se mais interessados, motivados e sua aprendizagem ocorre de maneira espontânea, afugentando com o tradicional ensino de sala de aula”, avalia.

Ivania Soares destaca a interação entre estudantes e professores e a maior facilidade com que os alunos estabelecem associações com o assunto apresentado durante as aulas como aspectos positivos da parceria com o projeto de extensão: “Os modelos didáticos trazem significados para a aprendizagem e para a vida do aluno”.

Jane Victal é outra professora que também experimentou os modelos do projeto em suas aulas. Para ela, que ministra Ciências e Biologia na rede estadual de São Mateus, o Formando pesquisadores: a Biologia Celular na prática tornou-se um grande aliado, já que, por meio das ações, os alunos passaram a compreender melhor temas abstratos relacionados a citologia. “É um rico acervo de modelos didáticos das estruturas celulares, todos bastante coloridos. Isso desperta o interesse dos estudantes que, curiosos, começam a perguntar sobre o que significa cada parte representada e, assim, de forma lúdica, conseguem se apropriar do conhecimento”, relata.

Pandemia

Com a pandemia de covid-19, em março de 2020 todas as atividades presenciais dos campi da Ufes foram suspensas, assim como as aulas nas escolas de São Mateus. De acordo com a coordenadora, isso prejudicou “severamente as ações do projeto, uma vez que o primeiro semestre é o período de maior procura das escolas para utilização dos modelos”. Na tentativa de dar continuidade às atividades de forma remota, a equipe passou a elaborar jogos e dinâmicas, que estarão em breve disponíveis aos professores.

Durante o período de isolamento social, além de administrar a empresa Celulart, a equipe do projeto vem realizando releituras dos modelos já construídos e entrando em contato com professores da educação básica para desenvolver parcerias no desenvolvimento de atividades remotas e híbridas, visando auxiliar o ensino no atual cenário de reconstrução educacional. “Em caso de efetivo controle sanitário da pandemia em 2022, as atividades serão repensadas para o presencial”, explica Karina Mancini.

As atividades remotas do Formando pesquisadores: a Biologia Celular na prática estão disponíveis nos perfis do projeto de extensão no Instagram e no Facebook.

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Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto (fotos tiradas antes da pandemia)
Edição: Thereza Marinho