Projeto Tupiabá inicia nova etapa com crianças e adolescentes quilombolas, pomeranos e italianos

06/08/2020 - 18:20  •  Atualizado 10/08/2020 11:11
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O projeto Tupiabá, que propõe a troca de mensagens entre a população em geral e comunidades tradicionais, iniciou sua segunda etapa, chamada Cosmologias, tendo como público-alvo crianças e adolescentes quilombolas, pomeranos e italianos. Os interessados poderão enviar mensagens para eles pelo endereço http://projetotupiaba.com.br/. O objetivo é que a população tenha contato com outras culturas e busque novos sentidos para sua vida, contribuindo com ações de promoção humana. Ao mesmo tempo, Cosmologias, por meio das infâncias presentes nas localidades envolvidas no projeto, pretende validar os conhecimentos, a história e a memória identitária dessas comunidades.

Tupiabá é um projeto de extensão em cooperação entre o Grupo de Pesquisa Imagens, Tecnologias e Infância (GEPITI), da Ufes, e o Núcleo de Pesquisa Ensino e Extensão em Experiência do Sensível (NUPEEES), da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), representado pelas professoras Fernanda Camargo e Marina Miranda. Nessa etapa, o projeto conta com a parceria de participantes do curso de formação de professores nos municípios de Serra, Santa Maria de Jetibá e Santa Teresa, que irão intermediar o contato com suas comunidades.

Indígenas

Lançado em 19 de abril, inicialmente o projeto contou com a participação das crianças e adolescentes das aldeias Comboios, em Aracruz, e Pé do Monte, no sul da Bahia. Mais de 400 cartas foram recebidas de todas as regiões do estado, do Brasil e até do exterior. As mensagens compartilham não só temores e incertezas nesse período de pandemia, mas também esperança de um futuro melhor, em que todas as pessoas possam aprender com as crianças a cuidarem uns dos outros, do planeta e do meio ambiente. "Minha ideia é criar uma universidade com professores e professoras crianças. Somos adultos maltratados pelo mundo, que corre o risco de acabar. As crianças têm muito a nos ensinar", afirma uma das correspondentes.

As cartas enviadas por meio do site do projeto foram impressas e organizadas pelas coordenadoras em um balaio e depois entregues com a colaboração de professoras indígenas, que fizeram a distribuição para as crianças e a leitura das cartas com elas. Junto com as mensagens, elas receberam materiais como bloco de desenho, lápis de cor, giz de cera e cartões postais, onde podem escrever ou desenhar suas respostas para os correspondentes (foto). "O momento da entrega tem sido de festa para as crianças. Com a escola da aldeia fechada, essa é a oportunidade de se promover uma educação indígena diferenciada e desenvolver a socialização das crianças e adolescentes, que têm retornado com histórias dos seus lugares, de sua cultura e do seu dia a dia", explica a coordenadora Fernanda Camargo.

O Projeto Tupiabá visa reconhecer as crianças como sujeitos de direitos, com autonomia e capacidade de transformar a realidade, e reivindicar a participação da população no enfrentamento das lutas dos povos indígenas contra os invasores de seus territórios que, além de causar danos ambientais, representam perigo à própria existência da aldeia, nesse momento de pandemia, com a possibilidade de disseminarem o novo coronavírus dentro dela. "Nossa intenção foi propagar para o mundo as culturas de infâncias indígenas e seus modos de existência e resistência às invasões de seus lugares de origem em tempos de pandemia", afirmam as coordenadoras.

Os trabalhos das crianças têm sido publicados nas redes sociais do Projeto Tupiabá. Em breve, uma coletânea impressa será lançada no Seminário Educação a Várias Mãos, previsto para 2021.

 

Texto: Nábila Corrêa
Edição: Thereza Marinho