A Ufes assinou seu primeiro contrato de licenciamento de tecnologia para uma spin-off acadêmica, a Symbios Tecnologias Assistivas Ltda., nascida no Laboratório de Robótica e Biomecânica do Departamento de Engenharia Mecânica e incubada no Espaço Empreendedor da Universidade (usa-se o termo spin-off porque surgiu a partir de um laboratório de pesquisa da Ufes).
O contrato, assinado no último dia 6, prevê a exploração econômica de uma órtese robótica de braço movida por cabos de aço para reabilitação neuromotora. Conforme acordado, a Ufes vai receber royalties de 2% sobre o lucro líquido da comercialização da tecnologia licenciada. O depósito da patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) foi feito no ano passado.
“A grande novidade no licenciamento da tecnologia da Ufes para a Symbios é que essa é uma empresa que se originou do trabalho de pesquisa de um docente e de discentes da Ufes que criaram uma startup que é incubada pelo Espaço Empreendedor. Esse é o primeiro licenciamento para uma empresa dessa natureza. O licenciamento viabiliza o desenvolvimento da tecnologia tendo em vista os altos investimentos necessários até a exploração comercial do produto”, afirma a superintendente de Projetos e Inovação da Ufes, Miriam de Magdala.
O diretor de Inovação Tecnológica, Anilton Garcia, afirma que “o licenciamento mostra o quanto a Ufes está privilegiando o desenvolvimento de inovação a partir dos seus trabalhos de pesquisa. Ou seja, são as pesquisas da Ufes virando soluções concretas para o mundo real".
Auxílio na reabilitação
A órtese começou a ser desenvolvida como projeto de iniciação científica do estudante Eduardo Antônio Fragoso, orientado pelo professor Rafhael Andrade, no Laboratório de Robótica e Biomecânica do Departamento de Engenharia Mecânica da Ufes. A pesquisa virou trabalho de conclusão de curso e, em seguida, dissertação de mestrado do estudante, que logo se associou a colegas na criação da Symbios para o desenvolvimento do produto.
O equipamento é um robô vestível para o braço, que auxilia o paciente na realização de movimentos para reabilitação. Segundo o professor Andrade, com a órtese é possível fazer movimentos no cotovelo, no antebraço e de fechar e abrir a mão. O sistema tem um computador acoplado que dita os movimentos para o exoesqueleto. O equipamento está indicado, num primeiro momento, para uso em clínicas de reabilitação e por profissionais de fisioterapia. Numa fase futura, a ideia é ser disponibilizado aos pacientes para uso em casa.
"É uma tecnologia nacional, o que torna o custo mais viável. Além disso, é o equipamento mais leve que conhecemos. O braço pesa apenas 900 gramas e as partes pesadas foram reunidas numa maleta portátil”, diz o professor Andrade.
Segundo Fragoso, a intenção da Symbios é montar uma fábrica para produzir a órtese.
Na sua avaliação, a Ufes tem potencial para que muitos projetos saiam do laboratório para a escala industrial. “Temos dentro da Universidade muitos outros projetos com capacidade de ir para o mercado. A gente espera mostrar que essa parceria público-privada dá resultado”.
Foto: Sueli de Freitas