Ufes concede título de Doutor Honoris Causa a Augusto Ruschi e Sebastião Salgado

27/11/2015 - 17:28  •  Atualizado 30/11/2015 17:03
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O Conselho Universitário da Ufes decidiu conceder, em sessão realizada na última quinta-feira, 26, o título de Doutor Honoris Causa ao cientista, professor, agrônomo, advogado, naturalista e ecologista, Augusto Ruschi, em memória; e ao fotojornalista, documentarista e economista Sebastião Salgado. O título é atribuído a personalidades que se tenham distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

A outorga do título a Ruschi é parte das comemorações do centenário de seu nascimento. A decisão foi tomada pelo Conselho Universitário em reconhecimento à vida e à obra do pesquisador capixaba, que se notabilizou internacionalmente pelos diversos estudos que produziu sobre a fauna e a flora, especialmente sobre os colibris e a biodiversidade da Mata Atlântica.

O Conselho Universitário atendeu à mensagem do reitor Reinaldo Centoducatte propondo a concessão do título e encaminhada em 5 de agosto deste ano. “A concessão da principal honraria da universidade à memória de Augusto Ruschi, que é a maior personalidade capixaba no campo da ciência, é o pleno e justificável reconhecimento da universidade ao cientista, e uma homenagem à sua obra e ao seu legado, como um símbolo nacional e internacional da defesa do meio ambiente”, salientou o reitor Reinaldo Centoducatte. 

A outorga do título a Sebastião Salgado também atendeu à mensagem do reitor Reinaldo Centoducatte encaminhada em 19 de março deste ano. O título foi concedido ao fotojornalista pela sua obra, que constitui influente contribuição para recentes estudos antropológicos e sociológicos, para a História Natural, para o desenvolvimento das artes e da técnica fotográfica, bem como para a pesquisa científica e tecnológica sobre as mudanças ambientais ocorridas em diferentes regiões do planeta.

Legado

Nascido em 12 de dezembro de 1915 no município de Santa Teresa, Augusto Ruschi morreu em 3 de junho de 1986, aos 70 anos. O cientista classificou 80% das espécies brasileiras de colibris, catalogou mais de 600 espécies de orquídeas e identificou 50 novas, e estudou a vida das bromélias e dos morcegos. Estudou a fauna e a flora brasileiras, e ainda hoje é o principal autor de obras científicas sobre os beija-flores. Formou-se em Agronomia, em 1940, e em Direito, em 1950. Escreveu 22 livros, e seus trabalhos científicos constam em cerca de 500 publicações. Ruschi conquistou o reconhecimento da comunidade científica internacional, e sua obra o tornou uma referência entre pesquisadores de todos os continentes.

Deixou cerca de 400 artigos científicos publicados e idealizou e concebeu projetos para instituições zoológicas e botânicas de vários países. Seu trabalho ganhou repercussão em inúmeros veículos de comunicação do mundo, o que contribuiu fortemente para a popularização da ciência. As suas pesquisas resultaram em vasta e rica coleção de fotografias e de desenhos científicos. Contribuiu com importantes estudos para o combate às pragas na agricultura, e na implantação de diversas reservas ecológicas no país, como o Parque Nacional do Caparaó. Instalou duas instituições de pesquisa no Espírito Santo: o Museu de Biologia Professor Mello Leitão – atualmente vinculado ao Instituto Nacional de Mata Atlântica – e a Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi.

Já Sebastião Salgado possui uma relação afetiva com a cidade de Vitória, onde morou, estudou e se casou, e com o Espírito Santo, além um vínculo com a Ufes, onde ingressou no ano de 1963 para cursar Direito, ingressando, posteriormente, no curso de Economia, recebendo a colação de grau em dezembro de 1967. A data de entrega dos dois títulos, aos familiares do naturalista e ao documentarista, ainda será agendada. 

Texto: Luiz Vital
Edição: Thereza Marinho