Diversidade cultural é o tema da 6ª edição da Feira Literária Capixaba (Flic-ES), maior evento literário do Espírito Santo que reúne, anualmente, artistas de várias áreas para uma intensa troca de experiências e promoção do acesso ao livro e incentivo à leitura. A 6ª Flic-ES acontece entre os dias 22 e 26 de maio, no campus de Goiabeiras da Ufes, com programação para pessoas de todas as idades.
O lançamento desta edição acontece no dia 22, às 19 horas. A cerimônia oficial contará com apresentação do Coral da Ufes e lançamento do vídeo e da revista da Flic, além do livro Ufes: 65 anos, da coleção Escritos de Vitória. As boas-vindas aos convidados ficarão a cargo do jornalista e professor universitário José Arrabal.
Os eventos da Feira acontecerão no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), nas tendas cultural e literária e em uma Arena Jovem, montada para apresentações artísticas. Nesses espaços, o público poderá assistir a contações de histórias; a apresentações musicais, circenses e de grupos de dança; e participar de oficinas e de atividades lúdicas, como brincadeiras afro-indígenas e gincanas. Haverá, também, espaços de exposições de quadros e maquetes produzidos com materiais sustentáveis.
Mais de 90 autores capixabas participarão deste evento, que conta com 12 palestras ministradas por importantes nomes do cenário cultural local e de outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo. Haverá ainda convidados dos Estados Unidos. São 12 mesas redondas com 48 participantes, 15 contadores de histórias e mais de 120 pessoas envolvidas nas atividades culturais. Cerca de 10 mil visitantes são esperados durantes os dias de evento.
Segundo o secretário de Cultura da Ufes, Rogério Borges, a Flic-ES visa valorizar a literatura e as demais expressões artísticas produzidas no estado. “Esta é a terceira edição realizada no campus de Goiabeiras e a Ufes vem cumprindo um papel importante para o fortalecimento do evento. Estamos recebendo um belo presente de aniversário”, diz ele, referindo-se às comemorações dos 65 anos da Ufes, celebrados em maio deste ano.
Para a presidente da 6ª Flic-ES, a escritora Renata Bomfim, esta edição do evento buscou ampliar o diálogo com escritores e produtores de outros centros culturais: “Estamos trazendo convidados importantes, como a escritora mineira Conceição Evaristo e o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi”.
Iniciativa
A primeira edição da Flic-ES foi realizada em 2014 por iniciativa de um grupo de pessoas que sentiam falta de ver, nas prateleiras de livrarias do estado, obras de autores capixabas. Desde então, a feira tem como objetivo principal a valorização dos escritores locais, buscando integrar todos os municípios e enaltecer as expressões artísticas produzidas no estado para um público diversificado.
A realização da 6ª Flic-ES é da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras (AFESL), da Academia Espírito-Santense de Letras (AEL) e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES). A feira conta, ainda, com patrocínio da ArcelorMittal, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio de prefeituras, do Governo do Estado e do Sebrae. O apoio institucional é da Secretaria de Cultura da Ufes, que segue como maior apoiadora da Feira desde 2016.
Mais informações sobre a 6ª Flic-ES podem ser obtidas no site afesl.com.br.
Homenageada
Seguindo a tradição de sempre homenagear uma personalidade capixaba em suas edições, nesta 6ª Flic-ES o tributo será concedido à educadora, política, escritora e artista Judith Leão Castello Ribeiro. Natural do município de Serra, Judith nasceu em 31 de agosto de 1898 e lecionou por mais de 40 anos em escolas de Vitória, como o antigo Ginásio São Vicente de Paulo e a Escola Normal Pedro II.
A homenageada nasceu no século XIX, numa época em que a mulher não tinha direito ao voto e à opinião. Judith mostrou que poderia ser diferente e, revolucionária, foi a primeira mulher eleita deputada estadual no Espírito Santo, em 1947. Desvinculada de qualquer partido, exerceu um mandato focado nas áreas de educação, cultura e bem-estar social. Reeleita, atuou na política por 16 anos, período em que integrou o Conselho Estadual de Educação, ocupando o cargo de secretária da Comissão do Ensino Médio.
No campo da literatura, Judith foi cronista e ensaísta, tendo escrito para os jornais Diário da Manhã e A Gazeta, além dos periódicos Vida Capixaba, Canaã, Revista do DSP e Revista da Educação. Em 1949, ingressou na Academia Espírito-Santense de Imprensa (AEI). Nesse mesmo ano, indignada com o fato de as mulheres não poderem integrar a Academia Espírito-Santense de Letras, juntou-se a um grupo de mulheres e fundou a Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, tornando-se sua primeira presidente. Alguns anos mais tarde, conseguiu participar da Academia Espírito-Santense de Letras, tendo sido a primeira mulher a compor tal núcleo.
Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho