Um curso virtual cujo objetivo é ensinar mães jovens de baixa renda a criar artes gráficas, precificar serviços, utilizar redes sociais para divulgar trabalhos e acessar aplicativos para receber pagamentos. Essa é a atividade que vem sendo desenvolvida pelo projeto de extensão EVA na comunidade de Vila Nova de Colares, na Serra, região metropolitana de Vitória. Com a pandemia e a imposição do isolamento social, a equipe de estudantes responsável pela ação, chamada Negócios Sociais, migrou as aulas presenciais para as plataformas virtuais e a primeira turma do curso intensivo on-line encerra suas atividades na próxima sexta-feira, dia 31.
Dez mães participam das aulas remotas que, além de oferecerem conteúdos de empreendedorismo, familiarização com aplicativos (WhatsApp, Instagram e PicPay) e uso de canva para produção dos posts, incluem a temática da parentalidade, visando levantar discussões acerca de cuidados parentais e afeto, oportunizando a geração de renda com trabalhos remotos, flexíveis e que permitam às mães passarem mais tempo com os filhos. As primeiras postagens resultantes do curso serão divulgadas no decorrer da próxima semana.
“Nosso objetivo final é garantir um melhor desenvolvimento das crianças. Nossa premissa é que, antes de cuidar das crianças, precisamos cuidar dos adultos que cuidam delas”, explica Athus Cavalini, estudante de Ciência da Computação. Além dele, Jhonatan Cruz (Engenharia Elétrica), Lhais Gaigher (Engenharia de Produção) e a psicóloga Rachel Canuto integram a equipe EVA. O projeto de extensão é vinculado ao Laboratório de Tecnologias de Apoio a Redes de Inovação (LabTar/Ufes) e é coordenado pela professora do Departamento de Engenharia de Produção Miriam de Magdala.
Para as alunas que não possuem computador em casa, foi firmada uma parceria com o Centro Social Calasanz, que cedeu uma sala de informática. As participantes são divididas em turnos para evitar aglomeração e o espaço foi preparado de acordo com as regras de distanciamento. A equipe EVA ainda disponibilizou um kit contendo máscaras de proteção, fone de ouvido e apostila para acompanhamento das aulas. “Identificamos esse período de pandemia como uma oportunidade de levar o curso de forma virtual às mães. Nosso objetivo sempre foi ampliar os horizontes das alunas, inclusive esse é o nosso slogan”, lembra Jhonatan Cruz.
Transformação
O projeto EVA é derivado de outro projeto do LabTar, o SMS Criança, que atuou na mesma comunidade da Serra entre 2016 e 2018 e estava com as atividades paralisadas. “Quando o pessoal de Vila Nova de Colares pediu para reativar e o Calasanz fez contato de novo, eu lembrei do EVA, que se transformou nessa proposta de impacto social. Propus aos meninos de tentarmos transformar essa formação das mães em algo totalmente on-line e eles toparam. Estando em meio virtual, há a possibilidade de ganhar escala e ser levado para outros lugares”, analisa a professora Miriam de Magdala.
Para ter autossustentabilidade financeira, a equipe estuda um modelo de negócios que seja viável, já que não pretende depender de doações. Atualmente, as participantes pagam o custo simbólico de R$ 10, que tem o intuito de fazer com que elas reconheçam o valor do curso. “É muito mais pelo comprometimento delas com o curso e não é o que vai sustentar a operação, se a gente conseguir avançar”, enfatiza a professora. Toda a renda arrecadada é reinvestida em impacto social e os sócios não fazem retiradas de lucros.
Reconhecimento nacional
A equipe EVA foi uma das três vencedoras do Desafio Renault Experience 2018/2019, programa nacional de fomento ao empreendedorismo universitário, no qual concorreram com mais de 350 grupos de todo o Brasil. Os estudantes da Ufes venceram na categoria Negócios Sociais apresentando esse mesmo projeto, que, na época, atuava no bairro de São Benedito, em Vitória.
Por meio do perfil https://www.instagram.com/eva.horizontes/, é possível conhecer todas as ações realizadas pela equipe EVA.
Texto: Adriana Damasceno
Foto: Bresiana Saldanha (estudante de Artes Visuais)
Edição: Thereza Marinho