A Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) lança nesta segunda-feira, 26, a exposição virtual Alter/Algo/Ritmos. As obras foram selecionadas por meio de edital aberto em fevereiro, dirigido a todos os estudantes de graduação e pós-graduação dos cursos que compõem o Centro de Artes (CAr) da Ufes. Letícia Fraga, Sulamita Rocha e as duplas Álvaro Nomura e Gabriela Moriondo, e Hugo Bello e Jaíne Muniz foram os artistas selecionados e terão seus trabalhos exibidos nas próximas semanas no Instagram da Galeria.
O idealizador da proposta curatorial do edital, o professor do Departamento de Artes Visuais (DAV) Daniel Hora, explica que as proposições em arte contemporânea dessa exposição se caracterizam pelo interesse em propiciar processos colaborativos e participativos, amparados pelo uso das mídias sociais. “No contexto atual, os trabalhos selecionados abordam os impactos estéticos do distanciamento social, decorrentes da intensificação das mediações culturais guiadas ou influenciadas pelos algoritmos das redes tecnológicas”, explica.
Os estudantes da disciplina Ensino da Arte em Espaços Não Escolares, ministrada pela professora do curso de Licenciatura em Artes Visuais Adriana Magro, também apresentarão propostas educativas para as obras no decorrer da exposição.
Obras
A exposição virtual Alter/Algo/Ritmos apresenta obras que o público poderá não só assistir, como também participar. “Temos convites para dançar, imaginando a sensação do infinito; para experimentar outros usos para as plataformas de reuniões on-line; para doar imagens ou frases curtas de cenas de atividades domésticas; e para escrever uma carta para nossos parentes do futuro”, cita Hora.
Em Opus Elysium, Álvaro Nomura contou com a colaboração de Gabriela Moriondo para produzir uma ressignificação visual das obras suprematistas do pintor abstrato russo Kazimir Malevich. “A proposta é experimentar a sensação do infinito e explorar a dança, fugindo das relações com tempo e compasso”, explicam os autores.
Em int3r@#$@2maquinações_!#$digitais, Hugo Bello e Jaíne Muniz apresentam as mudanças drásticas que foram provocadas no mundo pela pandemia da covid-19, estando as relações interpessoais dentre as mais afetadas pelo distanciamento: “O trabalho propõe se apropriar do Zoom, espaço virtual que concentra parte considerável das interações entre humanos-maquinados neste contexto, para construir uma colagem audiovisual performática”.
A proposta de Letícia Fraga com Dentro e fora sugere uma coleta de imagens (vídeo e fotografia) que representem uma cena ou ação de atividades como limpeza, lavagem, manutenção ou reparo: “O objetivo é a construção de um banco de imagens, através da fotografia e da escrita, que materialize a sensação infinita que é a do trabalho doméstico”.
O trabalho de Sulamita Rocha, Acabou o planeta sobrevivemos nas ruínas, traz vídeos e imagens sobre mortes diárias exorbitantes e o fim do planeta. A artista propõe que o público compartilhe suas experiências em forma de carta, para que seus parentes do futuro tenham registros desses inventários.
Diálogos
A coordenadora da GAP, Ananda Carvalho, explica que essa iniciativa visa divulgar o que os estudantes do CAr estão produzindo no campo da arte contemporânea, ainda sob os efeitos da pandemia e de crises econômica, política e social. “Essa proposta é importante por buscar experimentar diálogos com o público ou, ainda, ativar formas de interação com obras de arte neste momento em que ainda não é possível visitar exposições de forma presencial”, analisa.
As obras e suas ativações serão disponibilizadas durante quatro semanas (um trabalho por semana) para interação do público. As pessoas que compartilharem suas interações com os trabalhos da mostra, marcando o Instagram da GAP, poderão ter seus conteúdos republicados nos stories da Galeria.
Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho