
O carnaval como objeto artístico e manifestação cultural ocupa a Galeria de Arte e Pesquisa (GAP), no campus de Goiabeiras, nesta quinta-feira, 27. A partir das 18 horas, integrantes da escola de samba Chegou o Que Faltava participam de uma roda de conversa sobre o tema para além do desfile. O evento é aberto ao público.
A ideia do encontro é discutir o carnaval como um laço de manifestação cultural popular ligado ao samba e à comunidade que a agremiação representa – no caso da Chegou o Que Faltava, o bairro de Goiabeiras. Intitulada Pisando em folhas secas: o carnaval além do desfile, a iniciativa faz parte disciplina Mediação Cultural e da Informação, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, ministrada pelo professor Taiguara Aldabalde às quintas-feiras na GAP. A autoria do trabalho é do estudante Gabriel Nascimento.
Ritmista de escola de samba e apaixonado por carnaval, Nascimento viu no tema a possibilidade de colocar em prática os pressupostos teóricos discutidos em sala de aula.
“O carnaval é tratado muitas vezes de modo muito superficial. Ou no máximo interpretado como um período de suspensão da ordem. Mas não é só isso”, analisa. “O trabalho do barracão é diário e envolve muita gente, muitos saberes que não recebem o devido crédito”.
Samba e comunidade
O título do trabalho, explica Nascimento, faz referência a uma canção de Nelson Cavaquinho, em que o sambista retrata sua relação com a escola Estação Primeira de Mangueira. “As escolas são a história do samba e a história das comunidades”, afirma. Ele entende que a figura do mediador cultural funciona como um “meio de passagem que proporciona o contato” entre a escola e o público: “O trabalho permite à escola falar de si mesma, complexificando o seu fazer e a sua história para além do que o debate simplista coloca”.
Dentro da GAP, os “saberes e fazeres” da escola de samba, segundo Nascimento, adquirem uma legitimação como manifestação cultural. “A arte opera na subversão. É necessário que esses espaços sejam tensionados. Levar a escola de samba para a galeria é trazer uma série de saberes que não entram nem na universidade”, afirma.
Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho