‘Medusa’ estreia no Metrópolis. Filme critica machismo e repressão sexual

16/03/2023 - 12:51  •  Atualizado 16/03/2023 13:27
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Destaque em festivais internacionais, o filme de terror Medusa estreia no Cine Metrópolis nesta quinta-feira, 16. Dirigido por Anita Rocha da Silveira, o longa utiliza as estratégias do gênero para pautar discussões sobre o machismo e a violência de discursos religiosos.

Na trama, um grupo de mulheres de uma igreja evangélica leva a cabo uma vida dupla: durante o dia, canta em cultos para homens fardados e espalha os preceitos religiosos que determinam a submissão feminina; à noite, se disfarça para perseguir e espancar mulheres que considera promíscuas e as obriga a aceitarem Jesus. "Bela, recatada e do lar" é o lema dessa espécie de seita, reproduzido por conservadores nos últimos anos.

Um dia, porém, Mariana (Mari Oliveira), integrante do grupo, sofre um acidente que deixa uma cicatriz em seu rosto. A marca passa a ser um entrave para a suposta perfeição estética dessa mulher, até então virtuosa. Quando vai trabalhar em um hospital, Mariana começa a perceber as falhas no discurso e na prática fundamentalista do grupo.

Embora a personagem grega seja lembrada, sobretudo por aterrorizar homens transformando em pedra os que olham para ela, ressalta-se que Medusa, na verdade, foi estuprada pelo deus Poseidon. Por ter sido violentada dentro do templo de Atena, sofreu uma punição da deusa, que a condenou a tornar os homens pedra com um simples olhar. É por esse prisma - da cultura do estupro e da repressão sexual - que o filme atualiza o mito. Exibido em festivais como Cannes e Toronto, Medusa foi o grande vencedor do Festival do Rio em 2021.

Em cartaz

Segue na programação do Metrópolis o filme Mato Seco em Chamas. Dirigido pelo brasileiro Adirley Queirós e pela portuguesa Joana Pimenta, o longa-metragem acompanha a história de duas irmãs que lideram uma gangue feminina que desvia óleo de um oleoduto em Ceilândia, no Distrito Federal, para vender mais barato para os moradores da favela Sol Nascente. O pano de fundo é o Brasil da década passada, tomado pelo crescimento da extrema-direita.

Também continua em cartaz o documentário Muribeca, de Alcione Ferreira e Camilo Soares. A produção pernambucana retrata as histórias dos moradores do Conjunto Habitacional de Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. Ameaçados pela especulação imobiliária e pelo descaso dos órgãos responsáveis por melhorias no local, os residentes são obrigados a desocupar suas casas, condenadas à demolição.

Medusa Mato Seco em Chamas integram a programação da Sessão Vitrine, com ingressos a R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia).


Confira as sinopses dos filmes em cartaz de 16 a 22 de março:

Medusa, de Anita Rocha da Silveira (Brasil, 2021, 127') - Trailer

A jovem Mariana pertence a um mundo onde deve manter a aparência de ser uma mulher perfeita. Para não cair em tentação, ela e suas amigas se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas à sua volta. Ao cair da noite, elas formam uma gangue e, escondidas atrás de máscaras, caçam e punem aquelas que se desviaram do caminho correto. Porém, dentro do grupo, a vontade de gritar fica cada dia mais forte.

Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta (Brasil/Portugal, 2022, 153') - Trailer

Na prisão, Léa conta a história das Gasolineiras de Kebradas, gangue da Ceilândia que rouba óleo de um oleoduto para vender pelas favelas do Distrito Federal. Os diretores Adirley Queirós e Joana Pimenta combinam elementos do faroeste, da ficção científica e do documentário. 

Muribeca, de Alcione Ferreira e Camilo Soares (Brasil, 2020, 77') - Trailer

A demolição do Conjunto Habitacional Muribeca, construído pelo BNH em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, é testemunhada a partir de resiliências e resistências, de paisagens afetivas e lembranças. O filme navega entre a nostalgia e a esperança.

Veja os horários de exibição no site do Cine Metrópolis.

 

 

Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho