Reconhecido internacionalmente por suas pesquisas nas áreas de Economia e Política Social, Paulo Nakatani recebeu o título de professor emérito da Ufes das mãos do reitor da Universidade, Eustáquio de Castro, em cerimônia com a presença de autoridades universitárias, professores, estudantes, amigos e familiares do pesquisador. A outorga do título aconteceu nesta quarta-feira, 4, em sessão solene do Conselho Universitário, realizada no Auditório Carlos Drummond de Andrade, na Biblioteca Central da Ufes.
Proposta pelo professor Celso Bissoli, chefe do Departamento de Economia, e pela professora Ana Ferraz, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Política Social (PPGPS), a outorga do título foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário, presidido pelo reitor da Ufes. “Quando a proposta de concessão do título chegou, não tivemos dúvida em encaminhar para o Conselho. E foi aprovada por unanimidade, fazendo jus à sua trajetória acadêmica”, disse Eustáquio de Castro.
Segundo o reitor, além da reconhecida carreira intelectual, Nakatani representa a vocação da Universidade em atuar socialmente sobre o seu entorno. “É o que temos dito por aí: a Universidade precisa atravessar a [Avenida] Fernando Ferrari, não pode ficar ilhada como fonte de conhecimento”, afirmou o reitor.
Legado
Ex-aluno de Nakatani no Departamento de Economia, Celso Bissoli ressaltou a postura do professor na sala de aula e nas orientações de projetos de pesquisa. “Ele cultivou não só mentes, mas corações comprometidos com a construção de um mundo melhor. Seu legado não pode ser expresso em números de publicações. Seu verdadeiro legado está na história de seus alunos, que em sua grande maioria, hoje, são profissionais que seguem seus valores: respeito pelo próximo, compromisso com a justiça e constante busca por aprimoramento”, disse Bissoli.
Para a professora Ana Ferraz, colega de Nakatani no PPGPS, a atuação do professor no curso de pós-graduação transcendeu a linha de pesquisa a que ele estava vinculado, Reprodução e estrutura do capitalismo contemporâneo, tornando os estudos desenvolvidos no curso mais interdisciplinares, além de fortalecer o intercâmbio com centros de pesquisa estrangeiros.
“De um lado, o professor se destacou nos convênios de cooperação e pesquisa com grandes centros de pesquisa em nível mundial. De outro, contribuiu de forma dedicada na criação de condições para enviar estudantes do PPGPS para o exterior e recepcionar estudantes e professores de diversas origens na Ufes”, disse Ana Ferraz.
Segundo ela, a produção teórica do professor Nakatani ultrapassou as fronteiras da Universidade e reverberou na classe trabalhadora. “Seu compromisso com a crítica fundamentada e profunda do capitalismo contribuiu para que sua produção se espalhasse pelas muitas formas de organização da classe trabalhadora, alimentando a luta e sendo alimentada por ela. Esta é outra característica do professor Paulo Nakatani: seu vínculo orgânico com as lutas políticas da classe trabalhadora”, afirmou.
Trajetória
Estudioso de temas como capitalismo contemporâneo, socialismo e política econômica, monetária e fiscal, Paulo Nakatani se graduou em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná em 1971, cursou mestrado na Universidade Paris Nanterre, doutorado na Universidade de Picardie Jules Verne e pós-doutorado na Universidade Sorbonne Paris-Nord e na Universidade Complutense de Madrid.
Professor da Ufes desde 1992, Nakatani se aposentou pela Universidade em agosto de 2023, após 50 anos de exercício da docência. Na Universidade, ele participou das criações dos programas de pós-graduação em Economia, em 1994, e em Política Social, em 2004. Durante sua carreira, ele também foi professor colaborador da Escola Nacional Florestan Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política e membro do Observatório Internacional da Crise e do Fórum Mundial de Alternativas.
Para Nakatani, embora o título de professor emérito seja concedido em seu nome, muitos professores e estudantes contribuíram para elevar sua produção acadêmica à condição de referência. “A docência e a pesquisa não são trabalhos individuais, são trabalhos de todo um grupo. Sempre encontrei colegas, estudantes e orientandos que se interessaram em contribuir com o nosso trabalho. Uma série de pessoas, de várias gerações, que me permitiram chegar aqui”, disse.
Foto: Leandro Reis