Sucesso nos palcos de todo o país, a peça Ficções, com a atriz Vera Holtz, chega ao Teatro Universitário nesta sexta-feira, 14, e permanece em cartaz no sábado, 15, e no domingo, 16. Os ingressos custam R$ 60 (meia) e R$ 120 (inteira) e estão à venda pelo site Sympla e na bilheteria do teatro, das 14 às 19 horas. O espetáculo abre a 12ª edição do Circuito Banestes de Teatro.
Baseado no best-seller Sapiens – uma breve história da humanidade, do historiador e filósofo israelense Yuval Noah Harari, o espetáculo é um monólogo da atriz em um cenário minimalista, composto por uma réplica de meteorito e uma moldura, simbolizando, respectivamente, um produto da natureza e uma criação da humanidade.
Na peça, ela interpreta uma série de personagens – inclusive ela mesma – e interage apenas com o músico italiano Federico Puppi, que faz a trilha sonora ao vivo. Pelo papel em Ficções, Holtz já venceu os prêmios Cesgranrio, Shell e APTR. Idealizada pelo produtor Felipe Heráclito, a adaptação tem roteiro e direção de Rodrigo Portella.
Ficções
Com mais de 23 milhões de cópias vendidas, Sapiens sustenta que a espécie humana domina o planeta devido à sua capacidade de acreditar em ficções, isto é, narrativas imaginadas que estruturam a sociedade, como os conceitos de nação, dinheiro e deuses.
“Eu adorava o livro do Harari e já tinha presenteado muita gente com ele. Quando fui convidada para fazer a obra, achei que era uma resposta dele me presenteando (risos)”, lembra Vera Holtz. “Não sabia como isso viria a ser teatro. Como fazer dramaturgia de uma obra científica e filosófica? Mas topei na hora”.
Depois do aceite da atriz, o diretor e roteirista Portella, que ainda não tinha lido a obra, ficou encantado com Sapiens e passou a trabalhar na adaptação, finalizando o texto em seis meses.
Para Holtz, diante das crises sanitárias e climáticas que vivenciamos, é necessário “mudar a narrativa”, construindo um novo sistema de crenças e valores. “O mundo precisa de novas ficções, novos acordos. Estamos vendo quedas de impérios, de ditadores. Com as novas formas de comunicação e a inteligência artificial, a ‘historinha’ do homem não basta mais”, analisa.
Lugar do ator
Perto dos 50 anos de carreira, Vera Holtz é rosto conhecido do público sobretudo pelos papeis no cinema nacional e em novelas da TV Globo. A atriz, porém, é ativa em outras “plataformas”, como ela diz, a exemplo das redes sociais. No Instagram, por exemplo, costuma trabalhar com propostas conceituais – geralmente uma foto sua contracenando com algum objeto, legendada com um título lacônico. E nunca deixou de fazer teatro.
“Nunca deixei de fazer nenhuma plataforma, eu gosto mesmo é de contar boas histórias. Quando me chamam e gosto da ideia, eu vou”, diz. “Mas, sem dúvida, o teatro é o lugar do ator. Fiz muito cinema e muita TV, mas não tem como não reverenciar o palco. O palco, com a presença do público, é o lugar onde o ator pode chegar numa energia máxima, na plenitude da sua atuação”, define.
Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho