Zé Renato volta a Vitória para cantar clássicos do samba no Teatro Universitário

07/08/2023 - 13:06  •  Atualizado 08/08/2023 15:22
Compartilhe

O projeto Cante um samba na universidade recebe mais um convidado de peso nesta terça-feira, 8. A partir das 20 horas, o cantor e compositor Zé Renato sobe ao palco do Teatro Universitário com um repertório de clássicos do gênero, de Paulinho da Viola a Noel Rosa. O show tem a participação especial do músico e idealizador da iniciativa, Chico Alves.

Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), e estão à venda pelo site Le Billet e na bilheteria do teatro (apenas na terça, das 14 às 19 horas). Idealizado pela Secretaria de Cultura da Ufes (Secult) e com curadoria de Chico Alves, o projeto traz sambistas cariocas e capixabas para o Teatro, todas as primeiras terças-feiras de cada mês. Desde maio, o público vem lotando o espaço para ouvir e ver nomes como Moacyr Luz, Sol Pessoa, Toninho Geraes, Micheli Montalvão, Zé Luiz do Império e Elaine Vieira.

Nascido em Vitória, Zé Renato foi ainda jovem para o Rio de Janeiro, onde integrou o quarteto vocal e instrumental Boca Livre, um dos grupos mais reconhecidos da MPB. Na estrada de 1978 a 2021, a banda marcou o cancioneiro nacional com composições e interpretações de artistas consagrados.

Em paralelo ao trabalho com o quarteto, Zé Renato enveredou por diversos estilos e diferentes parceiros musicais, regravando em sua carreira solo obras de sambistas como Zé Keti. Ele lembra sua infância em Vitória e diz que o samba era “a trilha sonora básica” da sua casa.

“Sem que eu me desse conta, a minha formação musical foi pavimentada por meio dos discos que ouvi junto com meu pai e minha mãe”, afirma. “Meu pai era jornalista e transitava pelas noites cariocas. Ele era amigo de artistas como Silvio Caldas, Aracy de Almeida e Cartola. Então, naturalmente, o repertório que predominava nas festas e audições familiares era composto por sambas e serestas”, recorda.

Encontros

Músico prolífico desde o início da carreira, Zé Renato ficou órfão dos palcos durante a pandemia de covid-19. Sem poder se apresentar diante do público, ele recorreu a lives na internet e se refugiou no violão. “Não sei, sinceramente, como eu teria suportado essa situação se não tivesse um instrumento para aliviar a tensão que vivíamos”, lembra.

Desse período, saíram novas parcerias e gravações com nomes igualmente afetados pela imposição do isolamento, como Monica Salmaso, Jacques Morelembaum e Joyce Moreno. “Minha vida profissional foi construída através dos encontros com os amigos, parceiros, músicos e com o público. A mudança abrupta que se deu nessa dinâmica causou transtornos que dificilmente serão superados totalmente. Mas felizmente estamos conseguindo retornar minimamente às condições a que estávamos habituados, gravando e voltando a ter o público por perto”, diz.

Grammy

Foi durante a pandemia que o Boca Livre se separou, devido a divergências políticas. No início deste ano, porém, o nome da banda foi alçado ao topo da música internacional, quando venceu o Grammy de Melhor Álbum de Pop Latino com Pasieros, gravado com o músico panamenho Rubén Blades ainda em 2011, mas lançado apenas em 2022. O Boca Livre concorria com nomes conhecidos, como Christina Aguilera e Sebastian Yatra.

“Recebemos esse prêmio com muita emoção. Ele posicionou o grupo num patamar onde poucos artistas brasileiros chegaram. Para nós, o prêmio também tem um significado de reconhecimento pela trajetória de mais de quarenta anos de serviços prestados à música brasileira”, resume Zé Renato.

Neste ano, o cantor e compositor lançou um novo disco de intérprete, Quando a noite vem, em que reúne canções da sua “memória afetiva”, como Nenhuma dor (Caetano Veloso e Torquato Neto) e Bom dia, tristeza (Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes). Sobre um retorno do Boca Livre, Zé Renato desconversa: “Isso só o tempo dirá”.

 

Texto: Leandro Reis