Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes reabre com palestra e exposição nesta quinta-feira, 22

20/06/2023 - 18:53  •  Atualizado 21/06/2023 16:42
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Após seis meses de interdição, a Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) da Ufes volta a abrir as portas para o público nesta quinta-feira, 22, com inauguração de nova exposição, realização de palestra e agenda confirmada até 2024. A GAP está localizada atrás do Teatro Universitário, no campus de Goiabeiras, e é a instituição de arte mais antiga do Espírito Santo.

A programação começa às 16 horas, com a palestra Documentação em conservação, montagem de desmontagem das obras em projetos expográficos, ministrada pela professora do Departamento de Artes Visuais (DAV) e coordenadora do Núcleo de Restauração e Conservação (NCR) da Universidade, Gilca Flores.

Na sequência, às 17 horas, acontece a abertura da mostra Documentação em obra: Produção do acervo de arte contemporânea capixaba. Aberta à visitação até o dia 4 de agosto (de segunda a quarta e na sexta, das 9 às 17 horas; e na quinta, de 9 às 20 horas), a exposição conta a história de 48 anos da galeria por meio de documentos do seu arquivo, entre cartazes de mostras realizadas desde 1976, fotos, vídeos, matérias de jornal, catálogos, livros de assinaturas e obras recentemente expostas. Na inauguração, serão distribuídas revistas do Programa de Pós-Graduação em Artes.

Entre os artistas relembrados na mostra, estão expoentes da arte produzida no Espírito Santo e no Brasil, como Dionísio Del Santo – autor da primeira exposição da GAP –, Lygia Pape, Holmes Neves, Sandra Santos, Hilal Sami Hilal, Paulo Laender, Nelma Pezzin, Suzana Queiroga e Attilio Colnago. A mostra foi exposta, em parte, no hall do Teatro Universitário, em maio deste ano. Agora, na GAP, apresenta nova montagem, incluindo cartazes de outros artistas e algumas relíquias.

Uma dessas pérolas é um recado do moçambicano Miguel, de passagem por Vitória, que visitou a exposição de Sebastião Salgado em 1989 e se sensibilizou com as obras do fotógrafo: “Fiquei deveras impressionado pela excelente qualidade das fotografias expostas, que revelam o alto nível técnico e a enorme carga de sensibilidade de que você é portador”, diz a carta, encontrada dentro do livro de visitas da mostra de Salgado.

“Imagina a emoção em encontrar esse recado”, diz a professora Isabela Frade, coordenadora da GAP. “Estamos lidando com todas essas teias de significados a partir do diálogo com o espectador. Não é só o artista que produz a obra, mas também o espectador”.

Na época da exposição de Salgado, a galeria funcionava na Capela Santa Luzia, sua primeira sede desde a fundação pelo Conselho Universitário da Ufes, em 1975. O espaço migraria para o campus de Goiabeiras em 1994, onde está até hoje. A capela também está reproduzida na mostra, por meio de miniaturas dentro de potes e garrafas de vidro, elaboradas pela artista Denise Cesar, integrante da equipe da GAP.

Resgate

Documentação em obra começou a ser concebida em dezembro do ano passado, quando um líquido tóxico foi derramado na galeria, causando sua interdição até este mês. O acidente levou o corpo técnico da GAP a se mudar temporariamente para uma sala anexa ao Centro de Artes (CAr). No espaço, a equipe passou a organizar os arquivos de exposições passadas, descobrindo uma série de documentos que ajudam a contar as quase cinco décadas de existência da galeria.

“Esses documentos são um convite a reconhecer e interpretar a história da galeria, que ainda é um espaço pouco conhecido e pouco entendido como um espaço vivo”, afirma Frade. Após o resgate do material, a equipe da GAP vem recebendo auxílio da Diretoria de Documentação Institucional (DDI) na organização, restauração e digitalização do acervo. “A ideia é ter um arquivo digital que possa ser consultado e ser fonte de pesquisa”, diz.

Além da exposição aberta a partir desta quinta, a galeria tem mais três mostras programadas em sequência: Graduartes, que reunirá obras de estudantes finalistas de Artes Visuais e Artes Plásticas, de 17 de agosto a 21 de setembro; Percursos, projeto de intercâmbio entre a Ufes e a Universidade Federal Fluminense (UFF) que ocupará o espaço com produções de estudantes da UFF de 5 de outubro a 9 de novembro; e Vira Lattes, mostra com obras concebidas por professores do Centro de Artes, em cartaz de 23 de novembro a 26 de fevereiro de 2024.

Papel formativo

A programação deste ano da GAP compreenderá, além das mostras de arte, iniciativas de cunho formativo, entre aulas, palestras e visitas mediadas, como a que a professora Gilca Flores fará antes da abertura da exposição. “A partir de alguns casos reais, trataremos de metodologias para elaboração desse tipo de documentação, que visa a melhor conservação da obra e garantir a possibilidade futura de sua reexibição pública”, adianta a professora. A palestra é aberta ao público, sem necessidade de inscrição.

Segundo Flores, o encontro auxiliará estudantes de artes com conhecimentos “pouco difundidos” a respeito da “documentação e sua implicação nas dinâmicas entre obras e galerias e museus.” Para os artistas em formação, pode oferecer mais autonomia sobre os processos diante de outros profissionais e instituições.

A palestra desta quinta é um exemplo da vocação formativa da GAP. Segundo a coordenadora, a ideia é transformar o espaço também “em uma sala de aula”. Por isso, nesta sexta-feira, 23, a galeria receberá uma turma de estudantes da Escola Monteiro, de Vitória, para uma visitação mediada. E nas quintas-feiras, das 16 às 20 horas, a galeria tem sido a sede da disciplina de Mediação Cultural e da Informação, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, ministrada pelo professor Taiguara Aldabalde, do Departamento de Arquivologia. Assim como toda a programação, as aulas são abertas ao público.

 

Texto: Leandro Reis
Fotos: Equipe GAP
Edição: Thereza Marinho