Orquestra Brasileira de Cantores Cegos se apresenta no Teatro Universitário nesta quarta, 5. Entrada gratuita

03/06/2024 - 16:43  •  Atualizado 10/06/2024 08:10
Texto: Leandro Reis     Edição: Thereza Marinho
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Foto dos cantores em pé, vestindo roupas em tons terrosos, se apresentando em um palco sob luzes amarelas

Após sucesso de público na primeira temporada, em 2023, o projeto Orquestra Brasileira de Cantores Cegos se apresenta nesta quarta-feira, 5, a partir das 19h30, no Teatro Universitário. Com entrada gratuita, o espetáculo contempla a diversidade da tradição oral de vários cantos do país, como comunidades quilombolas, povos indígenas e o congo do Espírito Santo.

Parte da lotação é destinada a estudantes das redes estadual e municipal da Escola para Jovens e Adultos (EJA). O público geral deve retirar os ingressos na bilheteria do teatro, uma hora antes do início da apresentação. Serão distribuídas 200 entradas, com limite de uma por pessoa.

Realizada pelo Ministério da Cultura (MinC) e pela Associação Sociedade Cultura e Arte (Soca), em parceria com a Cia. Poéticas da Cena Contemporânea, o projeto tem patrocínio da Rede Itaú por meio da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e conta com o apoio da Secretaria de Cultura da Ufes (Secult/Ufes).

Diversidade cultural

No espetáculo, os 16 cantores transitam por canções populares de domínio público, utilizadas por comunidades diversas para acompanhar atividades de trabalho, de ninar e festivas. O repertório abrange congo; o Coco de Tebei, de Pernambuco; a Bata do Feijão, do Maranhão; a comunidade quilombola de Kalunga de Cavalcante, em Goiás; os guaranis da aldeia Marake’nã, do Rio de Janeiro, entre outras culturas.

O repertório é resultado do trabalho de pesquisa da artista Renata Mattar. Ao todo, são 19 canções organizadas em 15 arranjos para voz, piano e percussão corporal, concebidos por Tarita de Souza. Já o figurino é assinado por Antonio Apolinário, enquanto a iluminação fica a cargo de André Stefson. O maestro é Thomas Davison, que utiliza estalos de dedos, palmas e outros movimentos para reger os cantores.

“Pela necessidade de reger pessoas que não enxergam as mãos do maestro, ele criou elementos percussivos. Com eles, o maestro criou códigos por meio dos quais vai regendo os cantores”, explica a diretora do espetáculo, Rejane Arruda.

 

Foto dos cantores em volta de um casal que dança no centro do palco, com a moça rodopiando

Permanência

Segundo ela, o repertório se baseou em pilares como a diversidade territorial brasileira e o aspecto perene das canções transmitidas oralmente. “A ideia é trazer aquela canção, aquele bem simbólico que fica, que sobrevive ao tempo”, diz Arruda, que ressalta a valorização da pessoa com deficiência como um ponto fundamental do projeto.

“A pessoa com deficiência partilha da mesma cultura que as outras pessoas. Ela serve como arauto das boas novas, trazendo esse presente para a sociedade. As pessoas partilham a mesma linguagem e o mesmo afeto diante dessa produção oral”, diz.

Dividindo o palco com a orquestra, atores da Cia. Poéticas da Cena Contemporânea auxiliam o deslocamento dos cantores e introduzem um elemento dramático na performance. Doutora em Artes Cênicas, Arruda baseou o caráter teatral do espetáculo em sua pesquisa na área. Em vários momentos do espetáculo, ela diz, o público se emociona.

“A grande força do espetáculo é esse corpo de 16 cantores cegos. A deficiência, quando acolhida na arte, se revela potência. Não só potência plástica, mas de vida”, afirma a diretora. Iniciado em 2023, o projeto se apresentou em novembro do mesmo ano no Teatro Sesc Glória, no Centro de Vitória, com apoio da Secretaria da Cultura do Espírito Santo (Secult/ES) e realização da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba. A partir de outubro, os cantores voltam a se reunir no palco para um espetáculo com repertório inédito.

Fotos: Cia Poéticas da Cena Contemporânea

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