Hucam faz parto em condições raras e realiza sonho de mulher com câncer em estágio avançado

17/02/2025 - 15:30  •  Atualizado 19/02/2025 12:07
Texto: Duilo Victor - Unidade de Comunicação do Hucam-Ufes     Edição: Thereza Marinho
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Foto do bebê na encubadora ao lado da maca onde se encontra a mãe
Foi bem-sucedido o parto realizado este mês no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) em condições raras e especiais. Pâmela Souza, 30 anos, moradora de Vitória, que há cinco anos luta contra um câncer na cabeça, deu à luz o pequeno Ravi Souza, em uma cesariana que mobilizou uma equipe assistencial do hospital composta por obstetra, oncologista, neurologista, enfermeiros, assistentes sociais, neonatologistas, psicóloga, especialista em cuidados paliativos e nutricionistas.
 
O parto teve que ser antecipado quando o bebê completou 28 semanas de gestação, devido ao agravamento da doença da mãe e depois de uma recomendação técnica da equipe médica do hospital, que é referência para gravidez de alto risco na capital capixaba. Ravi nasceu com 1,2kg no último dia 6 e segue internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hucam, como geralmente ocorre com bebês nascidos com esta prematuridade. Está estável e sem previsão de alta.

Gravidez inesperada
 
Segundo relato do marido de Pâmela, Rilles de Souza, que concordou em divulgar detalhes sobre a história da família, Pâmela tinha o tumor controlado depois de sessões de quimioterapia e radioterapia realizadas pelo SUS, mas a gravidez inesperada reativou a doença. A manutenção da gestação reduz as opções terapêuticas para o tratamento oncológico e, neste caso, o desejo da mãe foi seguir com a gravidez até o fim.
 
“Nesses 10 anos de casamento, ela sempre quis ser mãe, sempre quis ter um filho. E foi uma gravidez de surpresa. Todos aqui no Hucam nos abraçaram ”, disse Rilles, em relação à qualidade do trabalho do hospital. “Mas ela está em estágio terminal de um câncer na cabeça. Não sabia se ela iria voltar da sala de parto com vida”, afirmou.
 
Com o parto bem-sucedido, a mãe seguiu internada no Hucam. O tumor já não permite que Pâmela tenha interações contínuas com consciência plena, além das limitações de movimentos e de visão causadas pela doença no cérebro.

A obstetra e chefe da Unidade Materno-Infantil do Hucam, Carolina Ferrugini acompanhou o caso e explicou por que ele é especial para equipe: "Trata-se de uma doença rara, o que, por si, torna o caso especial. Além disso, a gravidez fazendo tratamento com rádio e quimioterapia não é comum. E também porque, apesar do prognóstico restrito, ela resistiu tempo suficiente para levar a gravidez até uma idade gestacional que viabilizava a vida do bebê. Temíamos que ela não resistisse ao parto".
 
Primeiro contato

Com todo esse contexto, depois que Ravi nasceu, Pâmela ficou seis dias sem ver o bebê.  Até que no dia 12, a mãe de Ravi recobrou a consciência por tempo suficiente para ver o filho único, um encontro que foi possível depois da mobilização da equipe assistencial. O momento, gravado pela família em vídeo cedido pelo pai, emocionou a todos. Segundo Rilles, a mãe sorriu e pronunciava o nome da criança, além de agradecer aos profissionais que estavam em volta.   
 
Rilles tem recebido ajuda de uma rede de solidariedade. Mobilizado cuidar da família, ele contou que amigos já enviaram fraldas e roupas para o enxoval. “Fico alegre em saber que Pâmela está feliz por ter realizado esse sonho. Parei minha vida profissional para cuidar dela, para honrá-la na saúde e na doença. O amor tudo vence”, concluiu.
 
O Hucam-Ufes faz parte da Rede Ebserh, vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e que, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais. Por serem hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
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