Universidade Federal do Espírito Santo
O realismo fantástico ocupa o palco do Teatro Universitário nesta quinta-feira, 4, com a apresentação da peça Passarinheiros, do grupo Repertório Artes Cênicas e Cia., a partir das 20 horas. Limitados à capacidade do Teatro, os ingressos são gratuitos e devem ser retirados na bilheteria a partir das 14 horas.
A peça faz parte da programação de aniversário dos 69 anos da Ufes, que ao longo do mês de maio realiza uma série de atividades culturais e formativas nos quatro campi da Universidade.
O espetáculo utiliza teatro de bonecos e músicas originais para compor a história protagonizada por personagens animais. A trama se passa numa ilha chamada Cidade, na qual a Lei do Cão é instaurada, proibindo o canto e a prática da cadeia alimentar. Assim, os pássaros engaiolados podem apenas repetir o que ouvem de seus donos, enquanto gatos de rua vagam pelas beiradas. O conflito da narrativa é disparado quando um grande representante da liberdade, Mané Zé Urubu da Silva, é morto.
Embora utilize o teatro de bonecos, a peça é direcionada a todos os públicos. A direção e a dramaturgia são assinadas por Nieve Matos, em coautoria com Bárbara Depiantti. Mas, segundo Matos, os espetáculos do grupo são construídos de forma colaborativa com toda a equipe, enquanto acontecem os ensaios. “O texto vai nascendo durante essa construção”, diz. Além dos diálogos, a narrativa conta com composições de Edivan Freitas e Afronta MC.
O título do espetáculo, lembra Matos, vem das histórias que ela colhia para compor o roteiro, escrito durante a pandemia de covid-19. “Meus vizinhos eram todos passarinheiros. Todo dia de manhã eles colocavam as gaiolas na varanda e ficavam conversando. Comecei a anotar essas conversas. Eles representavam, de certa forma, figuras de centro, de extrema-direita e de esquerda, com ideias que hoje ainda são muito discutidas”, afirma ela.
Presente em diversas obras consagradas da literatura e das artes em geral, a representação de dilemas humanos em personagens animais caiu como uma luva na história que o grupo leva ao palco. “Não somos um grupo que trabalha com naturalismo. Fazemos analogias, é claro, com a vida real, mas sempre usando a metáfora como recurso de criação”, explica.
Oficina
Além da apresentação de Passarinheiros nesta quinta, o Repertório ministrará o primeiro módulo da oficina Técnicas básicas para composição de cena no Teatro Universitário, de 8 de maio a 30 de julho. No fim das aulas, os alunos apresentarão uma esquete no palco, construída por eles durante a oficina.
“Estamos com uma perspectiva muito boa para a oficina”, afirma Matos. “Foram mais de 270 inscrições, então vemos que é uma necessidade da comunidade universitária”. O segundo módulo terá início em agosto. De acordo com a Secretaria de Cultura da Ufes, também estão previstas oficinas nos campi de São Mateus e Alegre.
Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho
