A Galeria de Arte Espaço Universitário (Gaeu), localizada no campus de Goiabeiras da Ufes, exibe uma reunião de fotografias do artista Nicolas Soares a partir das 17 horas desta terça-feira, 21. As obras compõem a exposição Por uma crise da imagem, que celebra os 15 anos da carreira do artista e diretor do Museu de Arte do Espírito Santo (Maes).
A mostra ficará aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas, até março de 2024. Para agendamento de grupos, é preciso preencher um formulário neste link. Mais informações pelo e-mail educativogaleria.secult@ufes.br e pelo telefone (27) 4009-2371.
Por uma crise da imagem apresenta 16 fotografias de Soares, dispostas em três instalações correspondentes a diferentes períodos da sua produção: O amor é um campo de batalha, com imagens do cemitério da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Vitória, e da igreja homônima de Salvador; A última trincheira (fotos), derivada da série anterior e desenvolvida, sobretudo, na cidade de São Sebastião, em São Paulo; e Tudo o que se pode oferecer, série realizada em residência artística no Mosteiro Zen Morro da Vargem, em Ibiraçu, na qual Soares transita por linguagens tradicionais como retrato, paisagem e natureza morta.
Das obras emergem questões como política dos afetos, homossexualidade, racialidade, controle e exclusão de corpos. Os temas permeiam a pesquisa imagética e a reflexão crítica do artista ao longo de sua trajetória, desde os trabalhos acadêmicos no Programa de Pós-Graduação em Artes da Ufes (PPGA), onde se formou mestre, até as exposições.
“Existe um agente regulador do que é belo, aceito, desejado, do que é possível ser amado. Essa regulação dos corpos é a força motriz da racialidade. Nessa medida, a imagem (no meu caso, a imagem fotográfica) responde ao arquétipo cultural. A pesquisa nesses anos foi se encaminhando às imagens reguladoras, às imagens sacralizadas pela cultura e pela história da arte, às imagens que oprimiram e continuam a oprimir uma parcela da humanidade que foi subalternizada e racializada. Como sujeito negro, venho tentando dar vazão aos impasses do desejo, da sexualidade, entendendo de forma bem pragmática o dispositivo fotográfico como mediador e tensionador de intimidades”, afirma Soares.
Ex-coordenador da Galeria Homero Massena e, atualmente, diretor do Maes, Soares vê o trabalho de gestão cultural como uma “via de mão dupla” diante de sua produção artística. “O trabalho que faço institucionalmente não deixa de ser um trabalho de arte. É um processo criativo que acontece em muitas frentes e me faz expandir: ser um artista-tudo que também já transitou na docência e, hoje, é gestor e curador”, diz.
Texto: Leandro Reis
Fotos: Divulgação
Edição: Thereza Marinho