O professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes Roberto Simões acaba de lançar o livro Geoanálise: Terraceno e Desterritorialização e Espaços (-,e) Tempos. O trabalho é uma versão revisada da tese de doutorado defendida por ele no ano passado no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) e busca discutir como as mudanças climáticas e seus efeitos estão requerendo análises a fim de desacelerar o colapso ambiental.
Para o autor, o livro busca fazer um alerta sobre o esgotamento do modelo que a sociedade moderna tem vivido e que tem seus desdobramentos, segundo ele, em um consumo urbano exacerbado de bens que levam “a mortes assimiladas indevidamente como ‘naturais’”.
“O que está mais que esgotado é o modo moderno-humano-capitalocêntrico de exploração da Terra, entendendo, por exemplo, que a água é um ‘recurso hídrico natural’ ou que a ‘terra’ pode ser dissociada da ‘floresta’, vista apenas como uma coleção de ‘árvores’”, afirma Simões. Ele questiona ainda, em seu livro, modos de vida que se autointitulam como modernos, mas promovem o extermínio de modos de vidas que, no passado, foram classificados como “atrasados”, como os povos tradicionais.
O professor acredita que a resistência pode ser uma das alternativas a essa maneira hegemônica de habitar o mundo. “A mudança do modo de vida hegemônico, dizimador da Terra e da natureza, gera resistências. Especialmente das frações sociais que ganham, assim como dos povos que já estão vivenciando outro modo de produzir e de viver, notadamente indígenas, quilombolas, ribeirinhos, entre outros”, pontua.
Conceitos
Ao longo das 460 páginas que compõem a obra do professor, que também atua nos programas de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) e de Geografia, a ideia foi detalhar o conceito de “Geoanálise” dos filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari.
“Tenta-se elaborar uma atualização do conceito de ‘platô’ mediante o de ‘plataforma’, a fim de tecer uma interação com o de escalas geográficas. O principal propósito dessa interação é escapar da predominância da abordagem geoespacial centrada predominantemente na extensão, excluindo a intenção e a intensidade”, explica Simões.
Ele ressalta ainda que usa os conceitos de “terra” de Friedrich Nietzsche, aliado ao da “geofilosofia” de Deleuze e Guattari, “e de uma atualização diante das múltiplas e combinadas transformações na e da Terra” para propor o conceito de Terraceno. Ou seja, uma “Terra nova, na qual atuam ‘forças geológicas de outras naturezas’”.
“Articuladamente, transita-se pelo conceito de território na dupla de filósofos franceses, enfatizando a relevância do movimento de desterritorialização, como uma possibilidade para escapar da fixação nesse ou naquele espaço mediante uma categoria estática”, complementa o professor.
O livro está disponível para compra no site da Editora Dialética.