Prestes a completar três décadas de existência, o Grupo Z retorna à Ufes com uma apresentação gratuita da peça O Grande Circo Ínfimo, nesta quinta-feira, 29. O espetáculo acontece próximo ao Restaurante Universitário do campus de Goiabeiras, a partir das 19 horas, e conta com intérprete de Libras.
A nova montagem marca o retorno das atividades do grupo após a pandemia de covid-19. A peça foi encenada no Sesc Glória no último sábado, 24, e passará ainda pela Quadra da Piedade, na sexta, 30, e pelo Parque Moscoso, no domingo, 1º de setembro. Embora seja um dos trabalhos de maior repercussão da companhia, O Grande Circo Ínfimo não era apresentado há oito anos.
“É muito bom poder olhar no olho de cada um em cena e ver que estamos juntos, apesar de todas as dificuldades, sentir a energia de estar em cena compartilhando esses momentos que só duram o tempo do espetáculo, mas que ficam pra sempre em nossas memórias”, diz o ator e integrante do grupo Daniel Boone.
Na trama da peça, uma trupe circense decadente se dispersou ao se dar conta de que não podia mais competir com as novas formas de entretenimento. Assim como a trupe, estão abandonadas a estrada por onde passam e a hospedaria onde se encontram seus integrantes. O trabalho dialoga com a primeira peça do Grupo Z, O Maior Espetáculo da Terra, em que um grupo mambembe conta ao público a própria história, na esperança de envolvê-lo e garantir, ao final, que ele seja generoso quando passarem o chapéu. Já no Circo, a trupe não consegue se manter coesa e seus integrantes tomam novos rumos.
“Retomamos o Circo quase dez anos mais velhos, os personagens ganham outras características por conta da nossa experiência pessoal. Mas é como se a história do Grande Circo Ínfimo se misturasse com a nossa do Z. Nesse período, experimentamos a sensação de obsolescência que os personagens sentem. Porém, como se escutássemos o personagem Arabesque, decidimos retomar nosso circo, nos reencontramos e decidimos garantir um lugar para nossa trupe no mundo”, ressalta a intérprete e assistente de direção do espetáculo Carla Van den Bergen.
Atual
Apesar de inédito na maioria dos locais onde será apresentado, O Grande Circo Ínfimo trilhou um caminho de sucesso e importância por várias cidades do país. O espetáculo já participou do Palco Giratório do Sesc; fez parte do programa BR Distribuidora de Cultura; e foi contemplado pelo Prêmio Funarte Myriam Muniz de Teatro. Tantos anos depois de sua criação, a temática da peça também merece destaque por ainda ser tão atual, segundo o diretor e dramaturgo do grupo, Fernando Marques.
“De forma geral, ela é atual quando fala de um sistema – obviamente, referimo-nos ao capital – que impede um monte de gente de ter uma vida plena, sendo efetivamente quem é; que aposta no constante desmonte do que há – de pessoas, inclusive – em função de uma constante busca por um novo que obsolesce antes mesmo de amadurecer. E de forma específica, é atual quando fala sobre a realidade do setor cultural e do artista. Embora pouquíssima coisa possa ser pior que a combinação golpe-Temer-Bolsonaro-pandemia, a situação está muito longe de ser aquela de que precisamos”, afirma.
Com apoio da Secretaria de Cultura da Ufes (Secult/Ufes), a apresentação será realizada com recursos do Funcultura, por meio da Lei Paulo Gustavo e da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Vitória.
Grupo Z
O Grupo Z está há 28 anos em atividade no Espírito Santo, produzindo, pesquisando e compartilhando sua experiência e seu conhecimento por meio de seus espetáculos e de atividades de formação. Ainda neste ano, o grupo iniciará sua nova montagem teatral, baseada em obra de Bertolt Brecht.
Foto: Raphael Genuíno (divulgação)