Cepe reafirma posição contra fragmentação da Ufes e critica corte de verbas para C&T

18/10/2021 - 21:30  •  Atualizado 01/11/2022 09:26
Compartilhe

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), na sessão ordinária de 18 de outubro de 2021, manifestou por unanimidade posição contrária à fragmentação da Ufes, endossando a nota divulgada pelo Conselho Universitário na última sexta-feira, 15.

Segundo o texto, a proposta de criação de uma outra universidade no sul do nosso Estado a partir dos Centros de Ciências Agrárias e Engenharias (CCAE) e do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS), localizados nos municípios de Alegre e Jerônimo Monteiro, pode trazer impactos negativos tanto para a Ufes quanto para a universidade que se pretende criar: “essa ação, além de impactar diretamente o futuro da Ufes, pode resultar na criação de uma outra universidade, acanhada e sem condições mínimas de sustentabilidade. O sul do estado já possui uma universidade e esta universidade é a Ufes”, afirma a nota.

Corte de verbas

Durante a reunião desta terça-feira, 18, o Cepe também se manifestou contra o corte de aproximadamente R$ 600 milhões em recursos destinados à ciência, tecnologia e inovação. De acordo com os conselheiros, a redução para o ano de 2022 afetará diretamente programas de pesquisas e bolsas, tornando ainda mais precário o financiamento da produção científica no Brasil, “justamente quando se torna mais necessário o investimento em pesquisa e inovação para viabilizar saídas estratégicas para a grave crise econômica e sanitária enfrentada no nosso país”. 

Confira o texto na íntegra:

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo manifesta sua discordância e repúdio ao corte de cerca de R$ 600 milhões de recursos destinados à ciência, tecnologia e inovação realizado por iniciativa do Ministério da Economia junto à Comissão Mista do Orçamento, através do remanejamento desse valor no âmbito do PLN 16/2021. O corte subtrai parcela substantiva dos recursos que estavam previstos no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para o ano de 2022 e que foram realocados a outros ministérios e destinados a outras finalidades. 

O corte de recursos afeta os programas de infraestrutura de pesquisa e de bolsas, comprometendo especialmente o Edital Universal do CNPq, instrumento por meio do qual pesquisadores de todo o Brasil captam recursos para o desenvolvimento de projetos de pesquisa em diversos níveis e áreas do conhecimento. Afeta também o Edital Institucional de Bolsas Iniciação Científica, Iniciação Científica Tecnológica, de Mestrado e Doutorado, além de programas importantes realizados em parceria com outras instituições como o ProNem (Edital de apoio a núcleos emergentes de pesquisa do ES ) e o Pronex (Edital de apoio a núcleos de excelência de pesquisa).

Esse corte coloca em risco o já precário financiamento da produção científica em nosso país, justamente quando se torna mais necessário o investimento em pesquisa e inovação para viabilizar saídas estratégicas para a grave crise econômica e sanitária enfrentada no nosso país. 

Perpetra-se desse modo mais um ataque ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, acelerando o processo de desmonte desse segmento que vem ocorrendo nos últimos ano e ampliando o grau de dependência econômica e tecnológica do Brasil, nos mantendo reféns de grandes empresas que vendem caro seus produtos para o mercado brasileiro.

Juntamos nossa voz às de outras instituições do campo educacional e da ciência, tecnologia e inovação em protesto contra esta e todas as outras formas de debilitação da ciência no Brasil por parte de quem mais deveria valorizá-la. Esse tipo de política revela o descaso do atual Governo Federal para com o fortalecimento do desenvolvimento, a competitividade do Brasil frente a outras nações e a busca de soluções técnico-científicas mais adequadas e viáveis para problemas e demandas das mais diversas regiões brasileiras.

Apelamos aos senhores parlamentares que se perfilem em defesa da pesquisa e da ciência no nosso país, buscando iniciativas, no âmbito do Congresso Nacional e Governo Federal, capazes de reverter esse tipo de ação que ameaça instituições importantes do estado brasileiro, especialmente as instituições federais de ensino superior e de pesquisa, negando, em última análise, à sociedade brasileira a possibilidade de desenvolvimento intelectual autônomo, independente e democrático.