Consciência Negra: professor Jair Silva é especialista em Telecomunicações e pesquisa temas como Internet das Coisas e tecnologias 5G e 6G

26/11/2024 - 15:53  •  Atualizado 27/11/2024 18:29
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Foto do professor Jair Silva, vestindo um jaleco branco com o brasão da Ufes

O portal da Ufes inicia a última semana da série especial que retrata a trajetória acadêmica de alguns dos professores negros da Ufes. Desta vez, em homenagem ao Dia da Consciência Negra e em memória de Zumbi dos Palmares, a série apresenta o engenheiro eletricista e especialista em Telecomunicações Jair Silva. Vinculado ao Centro Tecnológico (CT), onde fez graduação, mestrado e doutorado na área de Engenharia Elétrica, ele é atualmente um dos 162 docentes do CT, dos quais 36 (22,2%) se autodeclaram pretos ou pardos (dados da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas - Progep).

Pesquisador de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – termo que designa pesquisadores que se destacam entre seus pares e que desenvolvem atividades de pesquisa de alta qualidade, Silva atua no desenvolvimento de estudos relacionados a Sistemas de Telecomunicações, Sistemas Inteligentes, 5G e 6G. Mais recentemente, deu início a pesquisas nas áreas de Protocolos de Comunicação sem Fio em Aplicações IoT (sistemas mais sugeridos para aplicações de Internet das Coisas, como wi-fi e bluetooth), 5G, 6G, Comunicações via Luz Visível (utilização de LEDs de iluminação para transmissão de informação), Conectividade em Redes de Sensores, Otimização e Inteligência Artificial.

Ele explica que esses novos estudos foram iniciados após a realização de pesquisas com a tecnologia 5G no Laboratório de Telecomunicações (LabTel/Ufes), que proporcionaram ações de colaboração com outras instituições do Brasil e de países como Cabo Verde, Portugal, Holanda e Alemanha. As parcerias giram em torno de temas ligados a Comunicações via Luz Visível associadas à aplicação de Inteligência Artificial (IA) e otimização de recursos, visando garantir a economia de energia e a maximização da transmissão dos dados.

“Após um estágio e visitas técnicas a esses países, tenho direcionado os estudos para aplicações que visam à transformação digital na indústria e à adaptação de casas inteligentes (smart homes) para auxiliarem empresas de saúde no monitoramento da população com idade acima de 65 anos por meio do monitoramento da distância e do auxílio na tomada de decisão em relação à saúde, visando ao envelhecimento saudável”, explica.

O professor é membro do Grupo de Pesquisas em Telecomunicações (GPTUfes) e realiza seus estudos no LabTel, no LabSensores, no Laboratório de Métodos Experimentais em Fenômenos de Transporte (LaMEFT) e no Laboratório de Ensino de Eletromagnetismo e Comunicações (LaEEC). “Um fator que tem me motivado ultimamente é a contribuição para o desenvolvimento de produtos em colaboração com empresas de tecnologias locais e internacionais. A motivação se dá pelo fato de perceber uma concreta finalidade socioeconômica às pesquisas e desenvolvimentos levados a cabo até o momento”, avalia.

Responsabilidade

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Foto do professor Jair Silva no Laboratório de Telecomunicações

Silva é natural de Cabo Verde, país da costa noroeste do continente africano, e veio para o Brasil em 1997 fazer a graduação em Engenharia Elétrica na Ufes por meio do Programa de Estudantes - Convênio de Graduação (PEC-G). Ele (que também tem cidadania brasileira) é professor do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) desde 2012 e é o atual coordenador adjunto do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE).

O professor ministra disciplinas relacionadas à Eletromagnetismo, Princípios de Comunicações, Comunicação Digital e Comunicações Ópticas tanto na graduação quanto na pós-graduação e acredita que ser um professor negro traz um sentimento de pioneirismo ligado à resiliência, à responsabilidade por incentivar outras pessoas negras a percorrerem o mesmo caminho e ao espírito de encarar os desafios com força e determinação.

O professor cita um episódio que considera marcante em sua trajetória acadêmica, que foi sua participação em uma banca de defesa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no qual atuou como coorientador. Na ocasião, tanto o estudante quanto o orientador do TCC e o membro examinador eram negros. “A emoção foi tamanha, pois estava inerte em uma situação em que, pela minha experiência no Brasil, parecia quase impossível nesta Universidade 25 anos atrás”, finaliza.

Fotos: Arquivo pessoal e Labtel

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