Um estudo piloto da Ufes avaliou os impactos psicofisiológicos em bombeiros durante instrução (treinamento) de combate a incêndios e identificou os riscos a que esses profissionais estão expostos. A pesquisa coordenada pelo professor do Departamento de Desportos Danilo Bocalini constatou que a exposição dos militares ao intenso calor causa desidratação, diminuição do desempenho físico e desconforto físico nas regiões da cabeça, ombros e pernas após a realização da atividade.
O projeto foi desenvolvido pelo estudante de Educação Física e capitão do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo Florisvaldo Pereira Junior, e também teve como objetivo descobrir como a Educação Física pode contribuir para a saúde e desempenho tático operacional desses profissionais, além de repensar possíveis avanços das instruções técnicas realizadas pela corporação. O trabalho já foi aceito para publicação em uma revista científica de Portugal.
A pesquisa, realizada em conjunto com o grupo de estudos Fisiologia Translacional Aplicada à Saúde, Esporte e Desempenho Humano e com o projeto de extensão Treinamento Tático - CEFD/Ufes, consistiu na aplicação de uma avaliação de indicadores psicofisiológicos e de desempenho antes e após a realização do treinamento de combate a incêndio, seguindo um modelo já padronizado no curso de Formação de Soldados do Centro de Ensino e Instrução.
Ao todo, sete militares de um grupo de 21 foram selecionados para o estudo piloto. A instrução foi realizada em um container que chegou a uma temperatura de aproximadamente 800 graus centígrados, no qual os bombeiros executaram a extinção de um incêndio de fase crescente e totalmente desenvolvida.
Saúde dos bombeiros
Segundo o professor, um dos principais riscos que os bombeiros enfrentam nas situações de combate a incêndios é quando a temperatura do corpo fica mais elevada que o normal, a chamada hipertermia. Essa situação pode levar à desidratação (1,73% em cerca de 35 minutos), causar alterações cognitivas, motoras, cardiovasculares, levar a desmaios e queimaduras. “Acidentes que seguramente podem levar o bombeiro a óbito em plena atividade operacional", alerta Danilo Bocalini.
Para reduzir os riscos da atividade, o estudo sugere que a corporação aumente o rodízio de profissionais na linha de frente do combate a incêndios. A intenção é evitar que o militar permaneça muito tempo exposto ao fogo. Outra alternativa proposta pelo estudo é o incentivo de consumo de água pelo profissional antes, durante e depois da ocorrência.
Além de detectar impactos fisiológicos e definir estratégias para garantir o bem-estar dos bombeiros, outro trunfo da pesquisa é, segundo Bocalini, servir como referência para publicações futuras que abordem o mesmo tema.
“A publicação também pode incentivar outras instituições e departamentos da Ufes a se dedicarem a investigar fatores que podem contribuir para a saúde dos agentes, bem como favorecer a atividade operacional destes profissionais”, conclui o pesquisador.