A vida de pesquisador e pesquisadora na Ufes começa cedo, ainda na graduação, por meio do Programa Institucional de Iniciação Científica (Piic/Ufes). Hoje são 1.320 estudantes integrando o Piic (777 bolsistas) e quem faz essa opção pode colher frutos rapidamente. Dois casos de premiações recentes mostram como a iniciação científica ajuda na formação e na qualificação de estudantes e egressos.
A estudante do curso de Zootecnia da Ufes (campus de Alegre) Larissa Moraes está entre os dez jovens de maior destaque do país da 6ª edição do programa CNA Jovem 2025, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), entidades que compõem o Sistema CNA.
A coordenadora do curso de Zootecnia, Magda Andrade, comemorou o reconhecimento de Moraes: “Ela foi selecionada entre participantes de diversos estados brasileiros. Isso mostra o impacto da formação oferecida no nosso curso, que estimula o pensamento crítico, a inovação e o engajamento dos estudantes em desafios reais do setor”, avalia.
A estudante está nos semestres finais do curso e já passou por quatro projetos de iniciação científica pesquisando Variedades de Cana-de-Açúcar para Produção de Silagem, Avaliação da Qualidade do Leite e da Viabilidade Econômica de Confinamento Compost Barn com Vacas Girolando, Qualidade do Leite de Vacas Confinadas em Compost Barn via Análise Multivariada e Farinha de larva da mosca soldado-negro no desempenho de juvenis de tilápia do Nilo.
Segundo Moraes, durante as etapas do programa CNA Jovem, ela percebeu o quanto a graduação na Ufes e os projetos de iniciação científica foram essenciais para seu desempenho. “As disciplinas me proporcionaram uma base técnica sólida e as experiências em projetos de iniciação científica e de extensão ampliaram minha capacidade de transformar ideias em ações práticas. Além disso, pude contar com professores sempre solícitos, que foram uma base de apoio fundamental para tirar dúvidas e fortalecer meu aprendizado. Tudo isso contribuiu diretamente para que eu tivesse segurança e consistência dentro do programa”.
Dados abertos
Quem também alcançou premiação recente foi a egressa do curso de Direito da Ufes Agatha Brandão, que hoje atua como pesquisadora associada na Faculdade de Direito da Universidade de Lucerna, na Suíça. Ela levou o Prêmio Nacional de Dados Abertos de Pesquisa, concedido pelas Swiss Academies of Arts and Sciences (Academias Suíças de Artes e Ciência) e financiado pela Swiss National Science Foundation (Fundação Nacional Suíça para a Ciência).
Intitulado Choice of Law Dataverse, o projeto em que Brandão atua utiliza a metodologia do direito comparado, sendo que as normas nacionais e as decisões judiciais são organizadas sistematicamente e disponibilizadas através de um processo colaborativo. Isso permite que estudantes, pesquisadores e profissionais do Direito naveguem numa plataforma digital pelo direito internacional com maior eficiência.
“É uma base de dados sobre a escolha de lei aplicável em contratos internacionais. O projeto, em geral, visa tornar as regras de Direito Internacional Privado mais acessíveis e transparentes. A abrangência é global, com mais de cem jurisdições em foco”, explica Brandão.
Sobre a premiação, ela afirma, comemorando: “Esse é um prêmio de pesquisa muito importante em âmbito federal suíço, que visa reconhecer pesquisadores que se destacam por práticas exemplares e inovadoras no campo de Open Science [Dados Abertos de Pesquisa]”.
Na iniciação científica, Brandão foi bolsista do Fundo de Apoio a Ciência e Tecnologia (Facitec), da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e do Programa Integrado de Bolsas da Ufes (PIB/Ufes) entre os anos 2010 e 2014. Logo após concluir sua graduação em Direito, foi para o mestrado no Institut d'Études Politiques de Paris (França) e atualmente está vinculada como pesquisadora à Universidade de Lucerna (Suíça).
“Comecei a trabalhar como pesquisadora na graduação da Ufes em 2010. Isso me levou à carreira acadêmica. Serei eternamente grata à Ufes e aos meios de financiamento públicos por terem me proporcionado essas oportunidades que contribuíram diretamente para o reconhecimento internacional que obtive”, afirmou Brandão.
Trajetórias
O diretor da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufes, Sergio Lins, considera que os dois casos de premiação são “excelentes exemplos de como a participação de estudantes no Piic pode transformar trajetórias e contribuir com o progresso da sociedade”. Ele continua: “Isso demonstra que o Piic está cumprindo um dos seus objetivos de encaminhar os estudantes para a pesquisa e a pós-graduação, em nível nacional ou internacional”.
Lins também destacou a relevância social do prêmio que a egressa da Ufes recebeu: “Esse prêmio é concedido em reconhecimento por práticas inovadoras no campo da Ciência Aberta, um movimento mundial extremamente necessário para tornar o conhecimento científico mais democrático, o que inclui a disponibilização pública dos dados de pesquisa”.
Na avaliação do diretor, “abrir os dados de pesquisa torna o processo mais transparente, acessível e sustentável, por meio do compartilhamento e do reuso de dados”. Ele destacou que, no Brasil, a maior parte das atividades de pesquisa é custeada por financiamento público. “Assim, investir e valorizar as práticas de Ciência Aberta é devolver à sociedade o que a ela pertence. Adianto que em breve teremos novidades sobre Ciência Aberta na Ufes!”, antecipou ele, mantendo suspense sobre o que está por vir.
Como funciona o Piic
O Piic visa fundamentalmente incentivar a carreira científica de estudantes de graduação, preparando para a pós-graduação. O ingresso no Piic/Ufes se dá por meio de edital, lançado anualmente. Estão aptos a participar servidores da Ufes que atuam em projetos de pesquisa e estudantes de graduação. Cada participante é vinculado a um subprojeto de pesquisa a ser desenvolvido sob a orientação de um pesquisador. O Piic/Ufes é dividido em dois subprogramas: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e o Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (Pivic).
Fotos: Freepik e arquivo pessoal das entrevistadas
Universidade Federal do Espírito Santo