Pesquisadores da Ufes começaram a monitorar a atividade pesqueira no Rio Doce, no Espírito Santo e Minas Gerais, e também no litoral capixaba. As informações atualizadas da pesquisa estão disponíveis no site do projeto, no endereço https://pesca.ufes.br/, lançado nesta segunda-feira, 10. O trabalho de monitoramento da pesca e a caracterização socioeconômica dos pescadores objetiva organizar e disponibilizar informações essenciais para o desenvolvimento das atividades pesqueiras, extrativistas e aquícolas na região.
Por meio do mapeamento, o projeto pretende identificar os recursos naturais disponíveis para a pesca, as modalidades e apetrechos utilizados, além de traçar o perfil social e econômico dos pescadores da região na bacia do Rio Doce e litoral, que há seis anos sofreu os efeitos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. O projeto, denominado Monitoramento e caracterização socioeconômica da atividade pesqueira do Rio Doce e litoral do Espírito Santo, é desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Pesca e Aquicultura (LabPesca), do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), no campus da Ufes em São Mateus.
Para o desenvolvimento da pesquisa foi estabelecido convênio entre a Ufes e o Instituto de Pesca, de São Paulo, uma organização pública de pesquisa científica e tecnológica vinculada ao governo paulista. A atuação dos pesquisadores abrange os ambientes marinho, capixaba, e continental, no Rio Doce, e oferece subsídios consolidados relacionados ao setor pesqueiro, no contexto econômico e social, para instituições públicas e privadas.
“O objetivo é obter e transferir conhecimento, além de construir e compartilhar informações para a retomada do desenvolvimento social e econômico da atividade pesqueira e da região, com sustentabilidade e qualidade ambiental”, aponta o pesquisador Mauricio Hostim, do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas (DCAB) do Ceunes, e um dos coordenadores do projeto. Segundo ele, além da bacia do Rio Doce, nos dois estados, e do litoral capixaba, o projeto vai se estender para outras regiões marinhas alcançadas pela frota pesqueira.
Área de abrangência
No litoral do Espírito Santo estão sendo monitorados 11 municípios: Anchieta, Aracruz, Conceição da Barra, Guarapari, Itapemirim, Linhares, Piúma, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Na dinâmica das pesquisas estão agregadas ações de extensão universitária da Ufes, de acordo com Mauricio Hostim, com a participação das comunidades no projeto, com o trabalho de identificação do pescado nos pontos de descarga, nas rotas pesqueiras, além de informações socioeconômicas dos profissionais que atuam na pesca.
No ambiente continental são monitorados os municípios de Baixo Guandu e Colatina, no lado capixaba; e Aimorés, Conselheiro Pena, Governador Valadares, Periquito, Resplendor e Tumiritinga, no território mineiro – todos na divisa entre os dois estados. Mauricio Hostim explica que o site do projeto é interativo e permite buscas por informações como o Boletim Estatístico da Pesca, pesquisas publicadas, a lista de pescados por região, banco de dados, relatórios públicos e outros conteúdos, seguindo diretrizes definidas pelo grupo Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira (PMAP).
Os pesquisadores ressalvam que não são identificados os dados individuais fornecidos voluntariamente por pescadores, armadores e empresas, que são preservados. “A base fundamental do projeto é o compromisso ético com o setor pesqueiro”, pontua Hostim. Segundo ele, os dados sobre a pesca são divulgados de forma consolidada e classificados por ano, mês, município, aparelhos de pesca utilizados e espécies, cujas informações estarão disponíveis no site institucional https://pesca.ufes.br/, por meio de informes e anuários pesqueiros regulares.
Histórico
A Ufes iniciou o monitoramento pesqueiro no Espírito Santo em 2010, a partir de convênio com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), que foi extinto em dezembro de 2012. Naquele curto período os pesquisadores da Ufes conseguiram monitorar 23 pontos de descarga de pescado, registrando informações que subsidiaram a publicação do Boletim Estatístico da Pesca do Espírito Santo, que é a última informação oficial da atividade pesqueira do estado. O Instituto de Pesca, por sua vez, é uma organização reconhecida no Brasil e internacionalmente pela produção científica e pela divulgação de informações qualitativas sobre a pesca desde a década de 1970.
Além de Muricio Hostim, coordenam o projeto os pesquisadores Julien Chiquieri, do DCAB, e Rodrigo Randow de Freitas, do Departamento de Engenharia e Tecnologia (DET), ambos do Ceunes. Pelo Instituto de Pesca, participam da coordenação os pesquisadores Antonio Olinto Avila da Silva, Jocemar Tomasino Mendonça e Paula Gênova de Castro Campanha. A gerência-geral é do pesquisador Joelson Musiello Fernandes. O projeto obteve financiamento da Fundação Renova, por meio da Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) e da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag).
Texto: Luiz Vital
Fotos: João Luiz Gasparini
Edição: Thereza Marinho