Pessoas com sobrepeso ou obesidade têm atendimento nutricional em projeto de extensão

25/03/2021 - 18:23  •  Atualizado 26/03/2021 18:24
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Realizar o acompanhamento nutricional de pessoas da comunidade universitária e da população do município de Alegre que apresentam diagnóstico de sobrepeso ou obesidade. Esse é o objetivo do projeto de extensão Atendimento nutricional de indivíduos com diagnóstico de obesidade do município de Alegre, coordenado pelo professor do Departamento de Farmácia e Nutrição (DFN) do Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde (CCENS) André Costa.

O projeto – que dá continuidade à série de reportagens sobre ações extensionistas da Ufes (veja abaixo) – foi um dos 26 trabalhos finalistas da edição de 2020 do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina.

Criado em 2013, o projeto faz um trabalho de orientação, conscientização e reeducação alimentar, bem como de estímulo à prática regular de atividade física (quando não há contraindicação médica), atendendo tanto pessoas encaminhadas por profissionais de saúde quanto pacientes que buscam diretamente a equipe, sediada na Clínica Escola de Nutrição (CEN), no campus de Alegre, sul do estado.

Desde então, centenas de pessoas da comunidade acadêmica e do município de Alegre já foram atendidas. Nos últimos meses antes da paralisação dos atendimentos presenciais em razão da pandemia da covid-19 (entre agosto de 2019 e março de 2020), a equipe realizou cerca de 70 atendimentos, considerando primeiras consultas e retornos. De acordo com Costa, aproximadamente 80% dos pacientes adultos apresentavam comorbidades associadas à obesidade, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, alterações renais e hipotireoidismo.

Atendimento

As consultas incluem acompanhamento dietético, evolução antropométrica (alterações de peso e de composição corporal), avaliações de parâmetros bioquímicos e monitoramento clínico. Os atendimentos são conduzidos pelos próprios estudantes do curso de Nutrição, supervisionados por uma nutricionista da CEN e orientados por um professor nutricionista. “Os estudantes podem vivenciar a prática profissional, o que contribui para sua formação técnico-científica e humana”, destaca Costa.

Com base no diagnóstico nutricional, é prescrito um plano alimentar individualizado que considera os hábitos alimentares, as preferências, as crenças, a cultura e as condições socioeconômicas do paciente, entre outros fatores. Após a primeira consulta, o retorno é agendado para entre 15 e 30 dias, a depender do caso clínico, para reavaliar o plano alimentar prescrito, corrigir os erros, estimular os acertos, monitorar sintomas e motivar os pacientes a melhorarem sua alimentação.

Formada por quatro professores, uma técnica-administrativa de nível superior e duas estudantes, a equipe também elabora materiais de educação nutricional para postagens nas redes sociais do projeto. São produzidos conteúdos digitais com assuntos ligados à obesidade e são feitas postagens cujos temas abordam escolhas alimentares, diferenças entre alimentos ultraprocessados, processados, minimamente processados e in natura, fome fisiológica e fome psicológica, e índice glicêmico dos alimentos.

“Ao longo dos anos, o projeto já contribuiu para a melhoria da qualidade de vida de centenas de indivíduos, sendo um reflexo da otimização das escolhas alimentares com aumento da ingestão de frutas e legumes, por exemplo. Além disso, verificamos uma melhor divisão das refeições, reduzindo os longos períodos de jejum”, analisa o coordenador, ressaltando que alguns pacientes assistidos apresentaram manutenção do peso: “Isso pode ser explicado pela dificuldade de adesão ao plano alimentar prescrito e pela falta de atividade física regular. A aceitação da obesidade como uma condição que é possível de ser modificada contribui para o engajamento do indivíduo ao planejamento alimentar”, destaca o professor.

Pandemia

A suspensão das atividades presenciais nos campi da Ufes em decorrência da pandemia do novo coronavírus ocasionou a interrupção dos atendimentos na CEN. Com isso, novas ações foram implementadas para dar continuidade ao projeto, como a criação do perfil da Clínica no Instagram, usado para divulgar informações nutricionais em uma linguagem de fácil compreensão e assimilação.

O perfil também faz postagens periódicas de outros quatro projetos de extensão desenvolvidos na CEN: Atendimento nutricional aos funcionários e alunos da Ufes/Alegre; Atendimento nutricional ao indivíduo com diagnóstico prévio de doença cardiovascular; Atenção nutricional ao grupo materno-infantil; e Projeto de atenção à saúde do idoso. De acordo com Costa, os conteúdos educativos desenvolvidos em formato digital são empregados como ferramentas de educação nutricional para serem trabalhados com os pacientes quando as atividades presenciais forem retomadas.

O coordenador lembra que o desenvolvimento de materiais educativos em meio digital não estava no planejamento inicial do projeto. Porém, ele afirma que essa ação proporcionou aos estudantes uma experiência de adequação profissional ao universo on-line. “Eles têm adquirido a habilidade de se comunicarem virtualmente com a sociedade, traduzindo os conhecimentos técnico-científicos a uma linguagem de fácil entendimento para que mais pessoas tenham acesso a informações legítimas e de qualidade. É nossa contribuição na luta contra a cultura das fake news, que vêm crescendo na área da Nutrição”, analisa.

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Texto: Adriana Damasceno
Edição: Thereza Marinho