Professora da Ufes recebe diploma na Câmara dos Deputados por trabalho no enfrentamento à violência contra a mulher

26/11/2024 - 18:01  •  Atualizado 27/11/2024 19:30
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Foto onde aparecem a deputada Jack Rocha, a professora Rosely Pires (com o diploma na mão) e a coordenadora do Núcleo de Saúde do Fordan, Danúbia Galvão

A professora do Departamento de Ginástica (DG) Rosely Pires foi uma das cinco mulheres brasileiras agraciadas na manhã desta terça-feira, 26, com o diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós 2024. A premiação, entregue pela Câmara dos Deputados, aconteceu no Plenário Ulysses Guimarães, em Brasília, e a honraria reconhece as personalidades cujos trabalhos ou ações tenham se destacado por sua contribuição para o pleno exercício da cidadania, para a defesa dos direitos da mulher e para a promoção da igualdade de gênero no Brasil.

Pires é coordenadora geral do programa de extensão e pesquisa Fordan: cultura no enfrentamento às violências, voltado para a problematização de violências contra pessoas vulneráveis em temas que envolvem principalmente feminicídio, racismo e LGBTQIfobia. Em seu discurso, a professora citou o índice zerado de morte de mulheres atendidas pelo Fordan e enfatizou a importância das redes de apoio, como as Defensorias Públicas, para que o programa da Ufes tenha se tornado referência no enfrentamento da violência e atendimento às mulheres.

“No mês da Consciência Negra e no ano em que nós temos pela primeira vez feriado nacional, é importante lembrar que a cada dez mulheres assassinadas, sete são mulheres negras. Essas mulheres não morrem porque os homens de periferia matam mais, mas sim porque a periferia não tem rede de apoio fortalecida. Nenhuma mulher negra consegue largar o agressor se não tiver uma cesta básica até que chegue sua pensão de alimentos ou um aluguel social”, ressaltou ela, que recebeu o diploma das mãos da deputada federal Jack Rocha e compareceu ao evento acompanhada da coordenadora do Núcleo de Saúde do Fordan, Danúbia Galvão.

Segundo ela, receber um prêmio pela atuação em pautas “tão complexas e dolorosas” tem grande relevância por garantir visibilidade aos trabalhos e servir de estímulo para continuar: “É também muito importante porque quando eu, mulher preta e periférica, recebo este diploma, toda nossa ancestralidade de mulheres que acolhem mulheres, especialmente mulheres negras de periferia, também estão sendo homenageadas”.

O diploma é concedido por meio de eleição em que votam apenas as deputadas que integram a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, promotora da homenagem.

Visibilidade

Segundo Pires, para além da premiação, sua ida à Brasília deu mais visibilidade ao trabalho que a Ufes tem prestado à sociedade no enfrentamento à violência contra a mulher no estado, que, de acordo com ela, segue com altos índices de violência contra as mulheres. Pires acredita que a diplomação aumentará as perspectivas de apoio financeiro e parcerias para o fortalecimento do projeto em 2025: “Com esse prêmio em nível nacional, dentro de um espaço político de luta de mulheres, a gente passa a compor um lugar que possui muitas possibilidades de fortalecimento das redes de apoio para as mulheres vítimas de violências denunciarem e serem amparadas, acolhidas e encaminhadas”.

Além da professora da Ufes, também foram homenageadas a advogada Cristiane Leite; a trabalhadora rural e ativista Elisabeth Teixeira; a feminista Nalu Silva (in memoriam); e a negra escravizada Roza Cabinda (in memoriam).

Fotos: Divulgação

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