Projeto Canoa Encantada promove educação indígena para crianças

30/11/2022 - 16:51  •  Atualizado 01/12/2022 18:38
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Promoção da leitura com crianças e adolescentes, envolvendo escola e comunidade por meio de diálogos com os conhecimentos indígenas, ancoradas em literaturas de autores desse segmento cultural. Esta é a proposta do projeto de extensão Canoa Encantada: Embarque com a Gente, que tem instigado cerca de 80 alunos do ensino fundamental da Escola de Campo Multisseriada Mariricu, situada na comunidade de Mariricu/Guriri, em São Mateus, e da Escola Municipal Juiz Jairo de Mattos Pereira, no bairro de São Torquato, em Vila Velha, a se reconhecerem nas heranças da ancestralidade.

Vinculada ao Grupo de Pesquisa Tupiabá, que propõe a troca de mensagens entre a população e as comunidades tradicionais, o projeto Canoa Encantada tem inspiração nas literaturas indígenas Guarani e Tupiniquim, nas oralidades das crianças Pataxó, nas poéticas de professores e crianças Xikrin, Juruna, Arara, Araweté, Kuruava, Xipava, Parakanã, Kayapó, Assurini, nos povos amazônicos do Médio Xingu-Pará e nas ações extensionistas realizadas em territórios da Bahia.

“As experiências de imersão educativa nos universos cosmológicos destes originários se somam aos anos de docência na Educação Básica, atuando no ensino de crianças negras e indígenas, ainda invisibilizadas em suas identidades nos espaços escolares”, analisa a coordenadora do projeto, Marina Miranda, professora do Departamento de Educação e Ciências Humanas (DECH), localizado no Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes/Ufes).

Círculos literários

A ação promove experiências educativas mediadas por círculos literários, proporcionando discussões acerca das Cosmologias Indígenas. Além disso, busca exercitar com os alunos a observação dos territórios na comunidade, compondo objetos artísticos a partir da inspiração literária. “Estes conhecimentos evidenciam o patrimônio cultural do povo brasileiro, necessários para uma educação popular e pluriepistêmica a serem observados nos espaços educativos da educação regular, no sentido de valorizar as oralidades dos territórios dos sujeitos da escola que muitas vezes são silenciados em suas diversidades étnicas”, avalia Miranda.

O projeto tem como fundamento elementos míticos ficcionais sustentados no vínculo mãe-terra que, de acordo com Miranda, são patrimônios memoráveis dessas culturas. Na proposta está incluso o processo formativo dos estudantes da Escola do Campo – parte dela é formada por crianças ribeirinhas de ascendência indígena – e de educadores das escolas que têm estudos relacionados com a literatura indígena infanto-juvenil, como as professoras Fernanda Santos (São Mateus) e Madalena Torres, além do bibliotecário Valmir Lyrio Junior (ambos de Vila Velha). A ação ainda abarca professores de Educação Indígena das universidades federais do Pará (UFPA) e do Sul da Bahia (UFSB). “Nosso objetivo é acentuar as culturas indígenas nos currículos, reacendendo a educação para a diversidade”, explica a coordenadora.

Tupiabá

O projeto promove, também, encontros regulares entre as crianças e adolescentes atendidos pela ação e cerca de 20 professores do Grupo de Pesquisa Tupiabá, dentre os quais estão Andrea Locatelli e Damian Sanchez, professores do DECH/Ceunes. “Nosso objetivo com esses encontros é compor um coletivo de saberes identitários e um ato de experiências educativas e memórias dos nossos antepassados indígenas acentuados nas oralidades de origens dos participantes”, conclui Miranda.

Mais informações sobre as ações e projetos executados pelo Grupo podem ser obtidas no site www.tupiaba.com.br ou no perfil @projetotupiaba, no Instagram.

 

Texto: Adriana Damasceno
Fotos: Eliana Velten - projeto Canoa Encantada
Edição: Thereza Marinho