Projeto de extensão Brinquedoteca ajuda no processo de inclusão de crianças

06/05/2021 - 15:45  •  Atualizado 07/05/2021 16:37
Compartilhe

Crianças com idades entre três e seis anos são o público-alvo do projeto de extensão Brinquedoteca: aprender brincando, que tem como um dos objetivos promover práticas corporais inclusivas para alunos com desenvolvimento típico do Centro de Educação Infantil (CEI) Criarte, unidade escolar sediada no campus de Goiabeiras da Ufes, e para crianças da comunidade externa que apresentam necessidades educacionais especiais (NEEs) por deficiência, como autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral e baixa visão. O projeto é o tema da reportagem desta quinta-feira, 6, na série sobre programas e projetos de extensão publicada semanalmente no portal da Ufes (veja, abaixo, todas as reportagens já publicadas. A foto acima foi produzida antes da pandemia de covid-19).

Brinquedoteca: aprender brincando é ligado ao Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) e ganhou o primeiro lugar na edição 2020 do Prêmio Maria Filina, dentre as ações extensionistas do campus de Goiabeiras registradas na Pró-Reitoria de Extensão (Proex).

“Buscamos realizar o atendimento educacional inclusivo para crianças com e sem deficiência no mesmo espaço-tempo de interação, constituindo turmas inclusivas, valorizando a brincadeira como a principal atividade delas. Assim, trabalhamos no sentido de ampliar a experiência sociocultural, cognitiva e psicomotora do participante, a partir do exercício das suas potencialidades e da sua socialidade”, explica o professor do Departamento de Ginástica José Francisco Chicon, que coordena o projeto com o apoio de gestão da professora de educação física Gabriela Muraca.

Qualificação

Com diversas ações acontecendo desde 2009, o projeto também busca qualificar a formação inicial dos estudantes do curso de Educação Física, por meio da oferta de campo de intervenção, ensino e pesquisa na perspectiva inclusiva; expandir os serviços de esporte e lazer à comunidade externa; e incrementar a prática de pesquisa nessa área de conhecimento.

Antes do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19, o projeto era realizado duas vezes por semana, no espaço do Laboratório de Educação Física Adaptada (Laefa) do CEFD, onde eram desenvolvidas duas atividades: Aprender Brincando, que acontece na sala da brinquedoteca; e Brincando e Aprendendo com Ginástica, na sala de ginástica artística. O Brinquedoteca atende 60 crianças, sendo 40 com desenvolvimento típico do CEI Criarte e outras 20 com deficiência, oriundas de espaços como Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi) de Vitória e da Serra, Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (Amaes) e Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), além da comunidade em geral.

Além do coordenador e da gestora, a equipe de trabalho é composta por cinco professores colaboradores externos e cinco estudantes. Às atividades com as crianças, somam-se reuniões do grupo de estudos, nos quais a equipe debate temas envolvendo infância, brincadeira, inclusão e desenvolvimento infantil.

Pandemia

Em meados de março de 2020, com a suspensão das atividades presenciais na Ufes, o Ensino-Aprendizagem Remoto Temporário e Emergencial (Earte) foi adotado pela Universidade e pela equipe de trabalho no atendimento aos beneficiários, que estão assistindo, de casa, a videoaulas gravadas sobre atletismo, ginástica geral e esportes com bola, além de vídeos de orientação aos familiares. É o Aprender Brincando em Casa. “Criamos um grupo no WhatsApp com o objetivo de manter a relação entre nossa equipe de trabalho e as famílias das crianças com deficiência da comunidade externa e, a partir dessa iniciativa, passamos a planejar e produzir videoaulas, que são postadas todas as terças-feiras na página do Facebook do Laefa. As postagens são para que aqueles familiares com dificuldade de memória no celular possam acessar a informação pela internet”, explica o coordenador.

No caso das crianças do CEI Criarte, as videoaulas produzidas são enviadas diretamente para a direção da unidade, que fica responsável por repassá-las aos beneficiários. A ideia é que as famílias desenvolvam juntas os trabalhos propostos, registrando imagens em fotos ou vídeos e postando de volta no grupo, como forma de socialização, troca de experiências e feedback da mediação realizada.

Todos os trabalhos desenvolvidos remotamente entre os meses de agosto e novembro de 2020 foram organizados na forma do e-book Aprender brincando: caderno de fundamentos e atividades lúdicas inclusivas para crianças de 3 a 6 anos (anexado abaixo). “A proposta pedagógica foi elaborada para ser desenvolvida pelos familiares das crianças com e sem deficiência, em casa, mas pode ser apropriada por professores como inspiração para suas aulas”, destaca Chicon.

Linguagens

Para o coordenador, é importante valorizar a relação dialógica entre crianças, pais e professores, buscando identificar interesses, possibilidades e expectativas dos participantes em relação às atividades vivenciadas: “Dessa forma, os participantes se constituem como sujeitos do processo de ensino/aprendizagem, exigindo dos professores atenção às diferentes linguagens utilizadas, especialmente pelas crianças com deficiência ou transtorno de desenvolvimento, como autismo”.

Além das videoaulas produzidas, professores e estudantes produzem textos em formato digital que envolvem fundamentos orientadores da pedagogia adotada pelo projeto no trato com as crianças, incluindo mediação pedagógica, a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil, regras implícitas e explícitas, o brincar e a diversidade, aprendizado e desenvolvimento e o papel do brinquedista. “O objetivo é formar os familiares para a função de brinquedista, para melhor atuarem na organização e execução das brincadeiras com as crianças”, diz Chicon, que conceitua brinquedista como aquele que estimula a brincadeira infantil, enriquece e amplia o horizonte das crianças, levando-as a sentir, pensar e agir no meio social e, ainda, compartilha da brincadeira com ela.

Famílias que tenham crianças com algum tipo de NEE por deficiência e querem participar do projeto de extensão Brinquedoteca: aprender brincando podem entrar em contato com a professora Gabriela Muraca pelo telefone (27) 99201-4749 ou pelo e-mail gabrielalaefa@gmail.com para saber mais informações sobre atividades desenvolvidas, vagas e lista de espera.

As ações do projeto contam com patrocínio da ArcelorMittal e apoio da Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest).

Leia também:

Projeto presta assistência à saúde mental para pessoas privadas de liberdade em São Mateus
Projeto de extensão oferece suporte de informática para beneficiários do auxílio emergencial
Cerca de 2 mil mães e crianças são atendidas em projeto que incentiva a amamentação
Programa de extensão promove empreendedorismo social para beneficiar comunidades capixabas
Pessoas com sobrepeso ou obesidade têm atendimento nutricional em projeto de extensão
Programa de extensão promove tratamento humanizado a pessoas com sofrimento psíquico
Projeto de extensão dá visibilidade às comunidades da Planície Costeira do Rio Doce
Projeto no Museu de Ciências da Vida orienta crianças e jovens sobre o uso de fármacos


Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto
Edição: Thereza Marinho