Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é o tema desta quinta-feira da série de reportagens sobre ações extensionistas, produzida pelo portal da Ufes (veja as outras matérias ao final do texto). Coordenado pela professora voluntária Maria del Carmen Molina, o projeto Práticas de alimentação saudável: construção, desenvolvimento e avaliação realiza oficinas culinárias voltadas para a comunidade do entorno do campus de Maruípe da Ufes, com os objetivos de assegurar processos duradouros de EAN e de promover alimentação adequada, valorizando e respeitando as especificidades culturais e regionais das famílias.
Práticas de alimentação saudável: construção, desenvolvimento e avaliação foi um dos 26 projetos finalistas na edição 2020 do Prêmio de Mérito Extensionista Maria Filina, evento anual organizado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), setor responsável por planejar, gerenciar e executar as ações de extensão da Ufes.
Criado em 2018, o projeto tem em sua equipe professores, técnicos-administrativos, estudantes de graduação e de pós-graduação e membros da comunidade externa. O grupo desenvolve e executa ações de EAN para reduzir o consumo de ultraprocessados, sal e açúcar, visando contribuir para o desenvolvimento de opções de alimentos e refeições saudáveis. As atividades são realizadas por meio de oficinas culinárias ofertadas para as comunidades interna e externa da Ufes, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e pacientes cadastrados no Programa de Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam-Ufes).
Abordagens
Maria del Carmen Molina explica que o projeto se baseia em uma abordagem que visa envolver os sujeitos na tomada de decisões acerca do processo saúde-doença e na luta por melhores condições de vida, tendo-se em mente conceitos como autonomia e autocuidado: “A EAN deve ser entendida como um processo de diálogo entre profissionais de saúde e a população. É necessário considerar os determinantes, as interações e os significados que compõem o comportamento alimentar, a sustentabilidade e a geração de autonomia para que as pessoas estejam empoderadas para a adoção de hábitos alimentares e a melhoria da qualidade de vida”.
Para executar as ações, a equipe do projeto utiliza abordagens que privilegiam processos ativos para a construção do conhecimento, fundamentadas nos princípios da educação alimentar propostos no Marco de Referência da Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas e no Guia Alimentar para a População Brasileira. “A partir de práticas contextualizadas nas realidades dos participantes, desenvolvemos e executamos ações a fim de possibilitar a integração entre teoria e prática, ensino e pesquisa”, destaca a coordenadora.
Oficinas
Até março de 2020, as oficinas eram desenvolvidas no Laboratório de Técnica Dietética, no campus de Maruípe. Lá, a equipe realizava pesquisas, testes de receitas e oficinas, além de selecionar preparações para cada grupo específico.
Os encontros com os ACS duravam, em média, três horas, durante as quais eram tratados temas como alimentação saudável, ambiente familiar e efeitos da alimentação sobre a saúde. Os participantes eram convidados a participar de gincanas e rodas de conversa com a finalidade de incentivar as trocas de experiências. “Isso permitiu conhecer outras realidades e absorver outros conhecimentos”, lembra Maria del Carmen Molina.
As ações desenvolvidas com os pacientes vinculados ao Programa de Cirurgia Bariátrica do Hucam tinham o objetivo de preparar o paciente de forma complementar à cirurgia, no que diz respeito tanto às mudanças que ocorrerão no organismo quanto no psicológico e em seu meio social. Dessa forma, foram planejadas atividades práticas específicas para atender esse grupo, que incluíam preparações dietéticas a serem utilizadas antes e depois da cirurgia bariátrica.
As atividades foram realizadas por uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, psicóloga e assistente social, contando com a participação de estudantes de graduação para o suporte no desenvolvimento das ações.
Desafios
Entre maio de 2018 e setembro de 2020, a equipe do projeto desenvolveu 24 oficinas para os ACS, 19 para pacientes do Programa de Cirurgia Bariátrica e outras 20 para a comunidade em geral. Cada encontro contou com a participação de uma média de 15 pessoas, às quais eram propostos os desafios: Como preparar grandes refeições com baixo teor de sal e substitutos de temperos industrializados? Como preparar bolos e sobremesas sem açúcar? Como cozinhar sem ultraprocessados? Como aumentar o consumo de hortaliças e frutas no dia a dia da família? Como cozinhar com pouco óleo? Como montar um prato saudável?
Das respostas às questões, surgiram receitas de pão, bolo e biscoito integrais, sal de ervas, caldo de legumes, preparações salgadas (arroz integral, feijão, saladas acrescidas de frutas), molho para salada e salada de frutas. “Esses alimentos foram escolhidos pela sua alta participação na alimentação diária dessa população. Todos os participantes receberam um sachê com sal de ervas para desenvolver receitas com baixo teor de sal em suas casas”, lembra a coordenadora.
Pandemia
Com a pandemia de covid-19 e a necessidade de isolamento social, as ações passaram a acontecer via plataforma virtual e-saúde. Assim, a equipe produziu vídeos e materiais educativos para serem enviados aos participantes, seguindo a estratégia mobile health. Os assuntos abordados no conteúdo digital giram em torno de mitos e verdades envolvendo alimentação; os riscos de uma alimentação com alto teor de sódio, açúcares e gorduras; o uso de substitutos para o sal; e o benefício de alimentos da safra.
A plataforma virtual agrega, ainda, videoaulas na modalidade Ensino a Distância (EaD), compreendendo 15 vídeos tratando de temas como escolha por alimentos saudáveis; redução do consumo de sal, açúcar e gordura; rotulagem dos produtos alimentares; atividade física; e dietas da moda. “Dessa forma, familiares dos participantes também podem participar das atividades”, destaca Maria del Carmen Molina.
Receitas e materiais escritos, como rendimento e custo médio das preparações e questionários sobre hábitos alimentares, foram agregados em um site (clique aqui para conhecer), que inclui também informações sobre alimentação saudável e meios de contato com o grupo extensionista.
A coordenadora destaca que as vivências no Laboratório de Técnica Dietética foram importantes por compartilhar saberes entre os atores envolvidos, na medida em que criava oportunidades de manejo da alimentação de forma consciente e saudável. “Os participantes foram desafiados a colocar a mão na massa e, assim, produziram preparações utilizando técnicas dietéticas adequadas para a obtenção de uma alimentação mais saudável e de menor custo, além de desenvolver habilidades para produção e comercialização desses produtos”, conclui.
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Texto: Adriana Damasceno
Imagens: Divulgação do projeto (fotos produzidas antes da pandemia)
Edição: Thereza Marinho