A política de internacionalização da Ufes ganhou, há dez anos, um importante impulsionamento, cujos frutos são colhidos atualmente, seja na forma de acordos de cooperação internacional para pesquisas, mobilidade de estudantes da graduação para o exterior, ou parcerias para atividades extensionistas. Estamos falando da criação da Secretaria de Relações Internacionais (SRI), que completa uma década nesta terça-feira, 8 de março.
Para marcar o aniversário, apresentar o balanço de 2021 e os projetos para este ano, na quarta-feira, 9, a Comissão Permanente de Internacionalização (CPInter) da Ufes – formada por 14 docentes de diversos centros de ensino com ampla experiência em internacionalização – se reúne com a presença do reitor, Paulo Vargas.
“Olhando em retrospecto, a SRI nasceu em circunstâncias diferentes da atual. Hoje o nosso foco é na excelência da pós-graduação e na captação de recursos internacionais para pesquisa. Um exemplo é o PrInt (Programa Institucional de Internacionalização da Ufes), vinculado à Capes”, afirma o secretário de Relações Internacionais, Yuri Leite, que assumiu a SRI em 2020. Ele destaca que, em uma década, “a quantidade de pesquisas e o nível da ciência produzida pela Ufes aumentaram muito”, o que pode ser constatado no número de publicações científicas em revistas de reconhecimento internacional. “Há dez anos, a Ufes nem figurava nos rankings internacionais e hoje está entre as 70 melhores da América Latina”, lembra.
Balanço e novos projetos
O balanço de 2021 dá uma ideia do que é produzido pela SRI ao longo de um ano. Apesar do cenário de pandemia, foram firmados, só no ano passado, 63 acordos de cooperação internacional, totalizando 130, com 38 países diferentes. A Ufes recebeu 28 alunos de 15 países, somando 75 estrangeiros de 21 nacionalidades estudando nos quatro campi. Dez alunos da Ufes foram para o exterior e outros 15 que estavam em mobilidade continuaram sendo acompanhados pela SRI. “Promovemos, ainda, 221 oportunidades de mobilidade virtual na América Latina e na Europa”, informou Leite.
A SRI ofereceu cursos de português para estrangeiros em parceria com o Departamento de Línguas e Letras (DLL) do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN) para 26 alunos, além de cursos de língua inglesa para fins acadêmicos com foco em docentes e técnicos, totalizando 160 vagas. Foram realizadas, ainda, palestras virtuais ao longo do ano e a primeira edição da Ufes International Week.
Na reunião da CPInter, além do balanço de 2021, serão apresentados os projetos para este ano. Estão previstas ações alinhadas ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Ufes, como, por exemplo, ampliação de mobilidade dos docentes, alunos e técnicos administrativos; promoção e ampliação da inserção de pesquisadores em redes de pesquisas internacionais; projetos extensionistas do tipo Massive Open On-line Courses (Mooc); fortalecimento das políticas de assistência e acolhida de estudantes estrangeiros, além da identificação e estabelecimento de parcerias estratégicas com entidades do exterior que financiem pesquisas científicas.
Proatividade e planejamento
Até 2011, existia na Ufes a Assessoria de Relações Internacionais, que assessorava a reitoria a partir das demandas de instituições estrangeiras que procuravam a Universidade com interesse em parcerias. O então reitor Reinaldo Centoducatte propôs a criação de uma secretaria que tivesse papel proativo no planejamento e organização das relações internacionais da instituição. “Muitos professores já realizavam colaborações com universidades de diversos países, mas de forma independente e sem apoio de uma estrutura organizacional que desse suporte à internacionalização. Algumas universidades brasileiras já possuíam uma estrutura organizacional para a internacionalização e, assim, a partir da experiência de outros, elaboramos o projeto da SRI”, afirma Jane Meri Santos, a primeira titular da Secretaria.
O processo de internacionalização, segundo ela, teve início com a definição dos objetivos conforme preconizado pelos principais órgãos de fomento nacionais, ou seja, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O foco era no desenvolvimento das atividades da pós-graduação no contexto mundial e no apoio a grupos de pesquisa por meio do intercâmbio internacional, buscando a excelência da nossa pós-graduação. Essas agências foram (e são) responsáveis pelo apoio à mobilidade de pesquisadores brasileiros e estrangeiros para a cooperação científica e tecnológica internacional, à capacitação em alto nível de recursos humanos e à participação (e realização) em eventos e organismos internacionais. Com o Programa Ciências Sem Fronteiras, à época, também houve o incentivo ao intercâmbio dos estudantes de graduação. Claramente, foi um momento de muita efervescência!”, afirma Santos.
A professora Patrícia Cardoso, que acompanhou o trabalho desde o início como coordenadora de Mobilidade e assumiu a SRI de 2016 a 2020, também destaca outros avanços do período. “Fizemos o primeiro planejamento estratégico vinculado ao PDI da Ufes. A Universidade passou a ser o ponto de referência de embaixadas e consulados, com atividades voltadas para a cultura internacional nos campi. Estabelecemos parcerias institucionais, o programa Anjos na Ufes [no qual um estudante brasileiro voluntário acompanha e ajuda o colega estrangeiro a se socializar na cidade] e editais de mobilidade na graduação com ou sem bolsas; e promovemos a Rede de Internacionalização da Educação do Espírito Santo (Riees), além da participação em rankings internacionais e missões técnicas para o exterior”, rememora.
A estrutura da SRI foi formalizada com a criação de quatro coordenações, atualmente chamadas de divisões: Mobilidade para o exterior; Mobilidade para a Ufes; Acordos de cooperação; Idiomas.
Texto: Sueli de Freitas
Edição: Thereza Marinho