Ufes lança família tipográfica inédita para escritas indígenas

01/08/2024 - 14:58  •  Atualizado 02/08/2024 08:32
Texto: Hélio Marchioni     Edição: Thereza Marinho
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Foto da página de um livro infantil onde aparece um parágrafo escrito em língua indígena e, embaixo, em português

Você já parou para pensar sobre os diferentes tipos de letras que temos em nosso computador? A Ufes já. E não só pensou sobre isso, como criou a sua própria fonte, a família tipográfica Ufes Sans. A segunda versão da família (a primeira foi lançada em 2018) acaba de ser disponibilizada no endereço prodesign.ufes.br/ufessans, com uma grande novidade: com caracteres que possibilitam sua utilização para a escrita de algumas línguas indígenas brasileiras. 

Inicialmente a família tipográfica Ufes Sans atendeu às especificidades da língua Guarani Mbyá (falada pelo povo homônimo nas aldeias de Aracruz/ES) e posteriormente também foi aplicada aos idiomas Maxakali (falado em Minas Gerais) e Patxôhã (falado pelos Pataxó, na Bahia). Por fim, ela também pode ser utilizada na escrita do Tupi Antigo – língua que está em processo de revitalização pelo povo Tupinikim (Aracruz/ES).

A primeira fonte da família foi criada em 2013, dentro da disciplina de Design de Tipos, ministrada pelo professor Ricardo Esteves, do Departamento de Design e coordenador do ProDesign Ufes – Laboratório de Projetos em Design da Ufes, com o objetivo de criar fontes livres (open source) de máxima legibilidade para aplicação nos sistemas de sinalização da Universidade. A família cresceu e hoje conta com 16 tipos de fontes estáticas e duas variáveis.

Esse crescimento foi fruto de um diálogo com a Secretaria de Comunicação da Ufes, percebendo que o sistema tipográfico que estava sendo criado poderia ser útil como parte da composição da identidade visual da instituição e em diversas aplicações impressas e digitais (inclusive é essa letra que está sendo utilizada no texto que você lê agora).

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Imagem com um exemplo de texto escrito em guarani

Autonomia

O professor Ricardo Esteves explica que, ao longo das pesquisas, foram investigados alguns dos principais problemas tipográficos específicos que ocorrem em textos nas línguas indígenas. "Assim, um projeto que começou com uma única fonte para sinalização, ao longo dos anos seguintes se tornou um sistema tipográfico de 16 fontes estáticas e duas fontes variáveis para o uso da comunidade. Com isso, no lançamento dessa segunda versão da família Ufes Sans, entregamos produtos de software (os arquivos instaláveis das fontes) que, por um lado, acrescentam mais recursos para a comunicação institucional da Ufes em suas diferentes necessidades específicas e, em um outro sentido, passam também a ser ferramentas digitais de escrita para os povos indígenas do Espírito Santo e de territórios vizinhos. Com isso, buscamos contribuir na direção da construção de uma autonomia desses povos quanto ao uso da tipografia em seus próprios idiomas, considerando tanto os ambientes tecnológicos nos quais essa escrita ocorre, quanto suas aplicações finais diversas, sejam elas impressas ou digitais”, destaca.

O projeto, que teve a participação de estudantes do curso de Design da Ufes, criou as fontes Ufes Sans nas versões Thin, Light, Book, Regular, Medium, SemiBold, Bold e Extrabold, com as suas respectivas versões em itálico para suportar layouts bilíngues em dispositivos de informação. Em 2023, uma nova fase do projeto envolveu estudantes voluntários, focando na conclusão dos pesos itálicos restantes e na adaptação para fontes variáveis, que podem ter sua espessura variando dentro de uma escala.

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