Ufes obtém registro de nova cultivar de café conilon com alto teor de cafeína

17/01/2022 - 11:49  •  Atualizado 01/11/2022 09:21
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A Ufes obteve o registro de mais uma cultivar de café conilon no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa): a Forte Guarani (de nome científico Coffea canephora Pierre ex A. Froehner). Esse foi o primeiro trabalho com foco numa cultivar com altos teores de cafeína em grãos de conilon.

O melhoramento da semente foi realizado pelos pesquisadores da Ufes Fábio Luiz Partelli e Gleison Oliosi, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adriana Farah e Juliana de Paula Lima, com a parceria dos cafeicultores Hermes Joaquim Partelli e Valnei Marcos Partelli. A pesquisa recebeu o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Segundo o professor Fábio Luiz Partelli, também diretor de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufes (PRPPG), o genótipo Forte Guarani destacou-se pela produção e por alto teor de cafeína no grão, sendo observado em uma lavoura de semente cultivada no interior do município de Vila Valério, no noroeste do Espírito Santo. 

A identificação ocorreu no final da década de 1990 na propriedade Sítio Araripe, do cafeicultor Hermes Partelli. Posteriormente, foi propagada de forma vegetativa, sendo cultivada por anos na propriedade da família. Diversos agricultores da região e até mesmo de outras localidades do norte do estado e do leste de Minas Gerais trabalharam com a semente.

“Para a escolha do genótipo Forte Guarani, foi considerado o vigor e a resistência a pragas e doenças, tendo produtividade satisfatória e os maiores teores de cafeína no grão, quando comparado aos outros 42 genótipos avaliados na mesma ocasião”, afirma o professor. 

Características

A cultivar apresenta 5,30 centímetros de distância média de entrenó de ramos plagiotrópicos, 15,86 centímetros de comprimento médio de folha e 6,50 centímetros de largura média das folhas. A média do teor de cafeína nos grãos em dois anos foi de 2,68 gramas por 100 gramas no grão cru, enquanto a média dos demais genótipos avaliados foi de 1,86 grama por 100 gramas.

A expectativa é que, com características desejáveis e, sobretudo, altos teores de cafeína e produtividade satisfatória, ela tenha grande aceitação entre os cafeicultores, podendo ser cultivada em condições climáticas similares às que foram testadas.

De acordo com o professor Partelli, o cultivo é recomendado para o Espírito Santo, sul da Bahia e leste de Minas Gerais, em altitude inferior a 500 metros. “E que seja cultivado com genótipos em linha, tendo até 66% da cultivar Forte Guarani e 33% de uma mistura de genótipos para garantir a fecundação”, afirmou.

 

Texto: Sueli de Freitas
Imagens: P
rofessor Fábio Luiz Partelli
Edição: Thereza Marinho