Zé Luiz do Império e Elaine Vieira fazem show no Teatro Universitário nesta terça, 4

03/07/2023 - 17:10  •  Atualizado 04/07/2023 21:30
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Chegando a sua terceira edição, o projeto Cante um samba na Universidade promete encher o Teatro Universitário mais uma vez nesta terça-feira, 4. A partir das 20 horas, o lendário sambista Zé Luiz do Império sobe ao palco para uma noite de muitos sucessos e composições históricas do samba de raiz. O compositor terá como convidada a cantora Elaine Vieira, carioca radicada no Espírito Santo.

Além da banda fixa do projeto, composta por instrumentistas capixabas, haverá ainda participação especial do cantor Makley Matos, abrindo o espetáculo com a música Dia de Graça, de Candeia, cuja letra dá título ao projeto.

Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), e estão à venda pelo site Le Billet e na bilheteria do teatro (das 14 às 19 horas).

Pela primeira vez em Vitória, o carioca Zé Luiz do Império passará por boa parte do seu trabalho autoral, conhecido sobretudo nas vozes de Roberto Ribeiro, Fundo de Quintal, Galocantô, entre outros artistas. Tempo Ê, Malandros Maneiros, Eu Não Fui Convidado e Dona Zica, Dona Neuma devem compor o repertório desta noite.

“O público universitário, de um modo geral, costuma ser bastante receptivo ao samba de raiz. O samba sempre terá um lugar de destaque, apesar do pouco interesse da mídia”, diz Zé Luiz do Império, alcunha que recebeu pela ligação com a escola de samba Império Serrano – hoje, ele integra a Velha Guarda da agremiação.

Zé Luiz é autor também de Nosso Nome: Resistência, uma das canções mais combativas de seu repertório, famosa na voz de Alcione. “Esse samba meu com o Nei Lopes é um dos meus favoritos e reflete, principalmente e infelizmente, o artista negro e sambista”.

Democratização

Há 19 anos residindo no estado, a cantora Elaine Vieira adianta que vai cantar sambas que a “referenciam”, como Reza. “É uma música que me remete à força dos orixás, à força do que nos move”, diz. “Cantar samba é falar sobre a nossa raiz”.

Vieira é figura conhecida nas rodas de samba e em diversos espaços culturais do estado. Já se apresentou em musicais, festivais de música popular e erudita, ao lado da Camerata Sesi e de outras orquestras. Com passagem recente pelo curso de Música da Ufes, ela também já cantou no Teatro Universitário, palco que considera “muito especial”.

“Palco sempre é lugar de reverência, lugar de respeito. Pisar nesse palco é lembrar que o nosso papel como artista faz a diferença e nos acrescenta como pessoas que vivem e acreditam na arte”, afirma. Para ela, as universidades são espaços historicamente pouco ocupados pelo samba, o que torna o evento ainda mais especial. “É lugar de muita pesquisa, muita erudição, e isso por vezes pode ser um limitador ao acesso do povo, do popular. E o samba vem do povo negro. É bom que se ocupe [a universidade], porque assim democratiza, fala-se para mais pessoas”.

Valorização

Idealizado pela Secretaria de Cultura da Ufes (Secult), Cante um samba na Universidade tem curadoria do compositor capixaba Chico Alves. Nas edições de maio e junho, o Teatro Universitário recebeu shows de Moacyr Luz, Sol Pessoa, Toninho Geraes e Micheli Montalvão. Até dezembro, as próximas edições podem ter o brilho de nomes como Zé Catimba, Toninho Nascimento, Zé Roberto e Nelson Rufino, segundo Chico Alves.

“Todos eles têm sucessos antológicos no cancioneiro popular, mas infelizmente não são tão conhecidos”, afirma Alves. “O conceito do projeto é a valorização do compositor. É importante, primeiro, mostrar ao público como o próprio autor executa suas músicas. Em segundo lugar, queremos colocar essas pessoas para serem protagonistas da sua obra e gerar fonte de receita. Com a chegada das plataformas de streaming, a arrecadação de direitos autorais se reduziu a quase nada”, analisa ele.

Para o secretário de Cultura da Ufes, Rogério Borges, o projeto “torna a programação do teatro mais representativa e multicultural”. A ideia da iniciativa, ele lembra, surgiu ainda antes da pandemia de covid-19, período em que o Teatro Universitário ficou fechado para reformas estruturais. Com o auxílio de Chico Alves, a Secult articulou a vinda de compositores cariocas para dividirem o palco com músicos capixabas. “É um projeto que defende a valorização do samba raiz, que enriquece e contribui no diálogo entre sambistas capixabas e cariocas”, diz o secretário.

 

Texto: Leandro Reis
Edição: Thereza Marinho