Em solenidade marcada por emoção, Ufes inaugura prédio Luisa da Silva Lopes

14/12/2022 - 19:14  •  Atualizado 15/12/2022 18:40
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A Ufes inaugurou, nesta quarta-feira, 14, o prédio Luisa da Silva Lopes, dedicado ao Módulo III da Pós-Graduação do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN) da Ufes, no campus de Goiabeiras. A cerimônia contou com as presenças do superintendente de Infraestrutura, Alessandro Mattedi; do pró-reitor de Extensão, Renato Neto; da vice-diretora do CCHN, Grace Paixão; da deputada estadual Iriny Lopes; e da vereadora Camila Valadão, além de docentes, estudantes e dos pais de Luisa Lopes.

Luisa foi aluna do curso de Oceanografia e morreu no dia 15 de abril deste ano, em decorrência de um atropelamento na avenida Dante Micheline.

Na foto, a professora Patrícia Rufino; a mãe de Luisa, Adriani da Silva; a vice-diretora do CCHN, Grace Paixão; o pai de Luisa, Ivan Lopes; e o superintendente de Infraestrutura da Ufes, Alessandro Mattedi.

A solenidade foi marcada por discursos comoventes dos pais da ex-aluna e de professores que acompanharam sua trajetória na graduação. A mãe de Luisa, Adriani da Silva, enfatizou o ativismo da filha em causas sociais, sobretudo como uma mulher negra que sempre combateu o racismo e o machismo. "Ela trazia consigo a marca da negritude no corpo, na alma e nas suas convicções. Representava um povo que precisa ser visível. Luisa rompeu, por meio da educação, o lugar destinado ao povo negro, que é a base da pirâmide social. Luisa é o meu amor e o orgulho de muita gente", disse.

Ivan Lopes, pai de Luisa, lembrou da ocasião em que a filha foi aprovada na Universidade. "Ela me ligou eufórica, dizendo 'passei, passei, passei!'. Foi uma vitória pelos méritos dela", disse. Para ele, o maior legado de Luisa é a amizade que cultivou entre os colegas da Ufes: "Vejo no semblante de vocês, no abraço de vocês, muita alegria".

Instalações

A obra do prédio do Módulo III da Pós-Graduação teve um investimento total de R$ 3.022.513,95 e foi custeada pela Universidade (R$ 1.524.757,95) e pela Fundação Espírito-Santense de Tecnologia - Fest (R$ 1.497.756,00). Com 1.700 metros quadrados, o edifício tem três andares, 48 salas, e conta com elevador e banheiros acessíveis. Enquanto as salas de aula serão reservadas aos programas de pós-graduação, as salas de reunião e a área da biblioteca serão utilizadas por toda a comunidade do CCHN, que reúne os cursos de Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Filosofia, Geografia, História, Letras Português, Letras Português-Espanhol, Letras Português-Francês, Letras Português-Italiano, Letras Inglês, Letras Libras, Oceanografia e Psicologia.

No térreo, fica a biblioteca, com área destinada ao acervo, salas para estudo em grupo e para pequenos eventos, laboratório de informática e centro de documentação. Já os andares superiores têm, cada um, duas salas de aula com capacidade para 20 alunos, uma para 40 alunos, uma sala de reuniões para 20 pessoas e 12 laboratórios.

Escolha do nome

A vice-diretora do Centro, Grace Paixão, destacou o movimento da comunidade do CCHN para escolher o nome de Luisa Lopes para intitular o novo prédio. Como os dois primeiros prédios da pós-graduação do Centro tiveram seus nomes escolhidos em tributo a uma professora (Barbara Weinberg) e a um técnico-administrativo (Wallace Corradi Vianna), o nome de Luisa foi sugerido, por meio de edital, junto ao nome de outros quatro ex-alunos, tendo recebido 63,23% dos votos, registrados em formulário on-line. "Tudo o que fazemos tem um fim, que é a formação dos nossos estudantes. Tudo o que fazemos é por eles e com eles", disse.

O superintendente de Infraestrutura, Alessandro Mattedi, parabenizou os pais da ex-aluna pela formação de Luisa e pelo legado que ela deixa para a Universidade. "A vida é passageira, mas deixa marcas. A vida dela deixou uma luz muito grande. Que esse choro se transforme em esperança", disse Mattedi.

Também presentes, as professoras Patrícia Rufino, madrinha de Luisa, e Jacqueline Albino, orientadora, lembraram da convivência com a ex-aluna nos anos em que frequentou o Centro. "Era uma aluna super ativa. Eternizá-la é muito importante, faz com que ganhemos outros motivos de luta", afirmou Rufino. Albino se referiu à ex-orientanda como uma "pessoa transformadora, que, mesmo partindo nova, deixou sua marca".

Também se manifestaram o pró-reitor de Extensão, Renato Neto, a vereadora Camila Valadão e a deputada estadual Iriny Lopes, que elaborou a Lei Luisa Lopes (Lei nº 11.690/2022), promulgada em agosto, garantindo atendimento psicológico e assistencial aos sobreviventes e aos familiares de vítimas de acidentes de trânsito. "Ela levantou um debate sobre de quem a cidade é, se é de quem mora na cidade ou de quem possui alguma coisa", disse a deputada.

No fim da homenagem, houve apresentação da banda Afro Kizomba.

 

Texto: Leandro Reis
Fotos: Victor Thomé (bolsista de projeto de Comunicação)

Edição: Thereza Marinho