Pesquisadores participam de projeto para evitar extinção do tatu-canastra

13/08/2021 - 16:25  •  Atualizado 17/08/2021 18:37
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Pesquisadores da Ufes participam de um projeto de monitoramento do tatu-canastra que busca preservar a presença da espécie na Mata Atlântica. Uma população do animal é monitorada desde 2016 na Reserva Biológica (Rebio) de Sooretama e Reserva Natural Vale, no norte do Espírito Santo, em parceria com o Projeto Tatu-Canastra, realizado pelo Instituto de Conservação da Vida Silvestre (ICAS) e pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).

O mamífero chega a medir mais de um metro de comprimento e é conhecido como um engenheiro ecológico, por cavar grandes buracos com suas fortes garras – o que contribui para a sobrevivência de outros animais de porte médio que se escondem neles – e por revolver a terra, facilitando a alimentação dos que comem pequenos animais. No Brasil, a presença da espécie se dá no Pantanal, no Cerrado, na Amazônia e na Mata Atlântica.

Em uma análise envolvendo um grande conjunto de dados de câmeras de monitoramento instaladas por diversos projetos de pesquisa e conservação nas reservas de Sooretama (Projeto Tatu-Canastra, Projeto Felinos, Pró-Tapir e PPBio Mata Atlântica), desde 2006, apenas quatro tatus-canastra foram registrados. A estimativa é de que não haja mais do que dez indivíduos na região, em uma área que tem capacidade para comportar até 30 desses animais. Para efeitos comparativos, no Parque Estadual do Rio Doce, ao leste de Minas Gerais, outra região da Mata Atlântica que também está sendo estudada pelo Projeto Tatu-Canastra em parceria com a Ufes, os pesquisadores identificaram 28 indivíduos em apenas dois anos de trabalho.

Caça

O professor Aureo Banhos, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal (PPGBAN) da Ufes e atua diretamente nas pesquisas de preservação do tatu-canastra, avalia que a situação do animal no estado é crítica. “A população de Sooretama é a que mais corre risco de extinção no Brasil, porque é muito pequena e isolada, e em razão das ameaças que sofre, principalmente a caça”, afirma. 

A baixa taxa de reprodução natural da espécie também dificulta a recuperação da população. Uma fêmea gera um filhote a cada três anos, e o animal leva sete anos para chegar à idade reprodutiva. Na Rebio de Sooretama, não foram encontradas evidências de que os animais estão se reproduzindo, visto que nenhum filhote foi registrado. Uma fêmea adulta foi observada pelas câmeras por cinco anos de monitoramento, mas nunca apareceu com filhote. Como são poucos os indivíduos na região, se as medidas mais efetivas de conservação não forem realizadas, o tatu-canastra poderá ser extinto localmente em breve.

A pesquisa da Ufes, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), ajuda nos estudos sobre a espécie. “O monitoramento, feito com armadilhas fotográficas, permite entender quais são as ameaças e a interação dos indivíduos com o restante da biodiversidade, bem como a quantidade de indivíduos”, detalha o professor Banhos. 

Além disso, os resultados obtidos pela Ufes são comparados com as análises de outras regiões abrangidas pelo Projeto Tatu-Canastra, para realizar a identificação dos indivíduos e do comportamento da espécie, de modo a entender melhor a ocorrência desses animais no território brasileiro.

Para saber mais sobre a rotina na toca do tatu-canastra, veja a matéria publicada no site da Revista Universidade.

 

Texto: Breno Alexandre (bolsista em projeto de Comunicação)
Imagem:
Projeto Tatu-Canastra/Divulgação
Edição: Lidia Neves