Representantes de grupos que atuam na defesa dos direitos humanos, de povos originários e de quilombolas lotaram o Cine Metrópolis nesta terça-feira, 10, para participar do primeiro dia do seminário Direitos Humanos: Reflexões e desafios contemporâneos. O evento, que segue nesta quarta-feira, 11, celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos, comemorado em 10 de dezembro, e os 76 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Após a apresentação da cantora Sol Pessoa, cuja trajetória é marcada pela luta por respeito e igualdade, o reitor Eustáquio de Castro e a vice-reitora Sonia Lopes presidiram a mesa de abertura, que contou com a presença da secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo; da deputada estadual Camila Valadão; do pró-reitor de Políticas de Assistência Estudantil da Ufes, Antônio Carlos Moraes; da presidente da Cátedra Sérgio Vieira de Mello; da coordenadora da Comissão de Direitos da Ufes, Brunela Vicenzi; da secretária de Relações Étnico-Raciais do Sindicato dos Professores do Espírito Santo (Sindiupes), Salomé de Sá; e do coordenador da Comissão de Direitos Humanos e Saúde do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, Antonio Lopes.
A vice-reitora da Ufes afirmou que, enquanto relembramos a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os avanços alcançados, é indispensável reconhecer os desafios existentes. “A Universidade, como espaço de reflexão crítica e de conhecimento, tem o papel vital de enfrentar esses desafios, promovendo o diálogo, a pesquisa e ações concretas. Na Ufes, temos o privilégio de contar com pesquisadores, pesquisadoras e projetos engajados na luta pelos direitos humanos. Que esse seminário sirva como um espaço de encontro, no qual possamos refletir sobre nossas responsabilidades e renovar nosso compromisso com a transformação social”, disse Sonia Lopes.
O reitor destacou que não é preciso ir ao Oriente Médio para ver o que é preciso fazer em defesa dos direitos humanos: “Basta olhar do nosso lado, nos faróis da vida. E acho que a Universidade Federal do Espírito Santo pode colaborar bastante com essa pauta”. Eustáquio de Castro afirmou que a defesa dos Direitos Humanos se tornou uma política da Instituição. “Começamos a criar alguns mecanismos. Um deles foi a transformação da Diretoria de Ações Afirmativas em uma Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidade. Isso é uma demonstração de como nós temos isso como uma das metas da nossa Universidade”, destacou.
Após a abertura, os presentes puderam assistir ao curta-metragem Riscadas, da diretora Karol Mendes, formada em Cinema e Audiovisual pela Ufes, que aborda questões de jovens mulheres grafiteiras negras da periferia de Vitória.
Conferências
Na sequência, a professora do Departamento de Psicologia Luizane Guerra falou sobre o tema Entre o acesso e a criminalização: desafios para a efetivação de direitos. Ela apontou a construção do conceito de classes perigosas conectado a grupos de trabalhadores, quilombolas e pessoas de periferia, além de propor uma reflexão sobre os desafios contemporâneos, que incluem o acesso a direitos básicos como saneamento, serviços de saúde e justiça, principalmente por pessoas pobres.
Já a professora e curadora da exposição fotográfica E eu, Mulher Preta?, Marilene Pereira, falou sobre o projeto que buscou usar a arte para dar visibilidade às vivências e temáticas da mulher negra. “É possível falar das temáticas com leveza, doçura e resistência”, disse.
Conasol
Durante o seminário também foi anunciada a realização da 27ª Convenção Nacional de Solidariedade com Cuba (Conasol) no campus de Goiabeiras da Ufes entre os dias 19 e 21 de junho. O lançamento foi feito pelo presidente do Instituto Agir para o Desenvolvimento da Cidadania, Perly Cipriano, e pela representante do Movimento Capixaba de Solidariedade a Cuba Fernanda Tardin.
A 27ª Conasol tem como objetivo promover a conscientização e mobilizar apoio nacional e internacional em defesa da soberania e dos direitos do povo cubano, com ênfase na resistência ao bloqueio econômico e no reconhecimento de suas conquistas sociais e culturais. O evento pretende reunir aproximadamente 700 pessoas por dia, com transmissão simultânea para diversos países.
Exposição de trabalhos
Nesta quarta, 11, evento terá continuidade na Biblioteca Central a partir das 17 horas, com uma exposição de projetos e pesquisas sobre Direitos Humanos desenvolvidos pela comunidade acadêmica.
No local também haverá o lançamento do livro Brasil e as disputas do tempo presente: da Ditadura Militar às Comissões da Verdade (1964-2024), de autoria do professor do Departamento de Arquivologia e do Programa de Pós-Graduação em História Pedro Ernesto Fagundes. A obra procura demarcar pesquisas realizadas no Espírito Santo sobre a ditadura militar e os dilemas que ainda hoje perpassam essa temática.
Fotos: Thereza Marinho