Seguindo com a série especial de reportagens em comemoração ao mês da Consciência Negra e aos 70 anos da Universidade, o portal da Ufes conta a história da bibliotecária e cientista social Ana Cláudia Borges, professora do curso de Biblioteconomia do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), que conta com 193 docentes. Borges está entre as 87 professoras do Centro, das quais 18 (20,6%) se autodeclaram pretas ou pardas. Os dados são da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep).
Doutora em Ciência da Informação e mestra em Políticas Sociais (com ênfase em Políticas Públicas), Borges já atuou como bibliotecária do setor de documentação e informação de empresas privadas e públicas. Suas principais linhas de pesquisa são gestão da informação e do conhecimento e planejamento em unidades de informação, além de estudar questões relacionadas a políticas afirmativas e relações étnico-raciais e informação.
Professora da Ufes desde 2010, ela ministra aulas nas disciplinas de Administração em Unidades de Informação, Planejamento de Unidades de Informação e Gerência de Recursos Informacionais. Borges é também colaboradora nos projetos de pesquisa A contribuição da rede gestão da informação e tradução e Diálogos epistemológicos sobre a prática da formação das competências informativas na era digital.
“Percebo muita surpresa nos alunos em ver uma professora negra. Eu não tenho ‘cara de professora convencional’, então, enquanto uns ficam na dúvida se há realmente o domínio do conteúdo, outros me veem com admiração porque somos poucas por aqui”, analisa.
Informação
Ao lado da professora Meri Nadia Gerlin, ela coordena o projeto de extensão Inform-Ação e Cultura que, desde 2013, propõe atividades culturais e educativas em comunidades e instituições públicas e privadas da Região Metropolitana de Vitória. “A esse projeto está vinculada a Rede de Estudos das Competências (REC/Ufes), que é uma rede de estudos e formação por meio da qual atuamos em espaços de informação, educação e cultura, contribuindo para o desenvolvimento de competências leitoras e em informação”, explica.
Durante a pandemia de covid-19, a equipe do projeto criou o canal do REC no Youtube e reuniu pesquisadores e profissionais da Ciência da Informação, Biblioteconomia e Educação em Saúde com o objetivo de compartilhar conhecimentos e habilidades produzidos em ambientes comunitários, bibliotecas, empresas, museus, hospitais e universidades para combater o fenômeno da desinformação.
Entre 2020 e 2023, Borges foi diretora de Ações Afirmativas e Diversidade na antiga Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci) – atual Pró-Reitoria de Políticas de Assistência Estudantil (Propaes). “Mesmo você possuindo a mesma titulação dos demais professores, o fato de ser mulher e negra já vem carregado de desconfianças, especialmente numa instituição tão conservadora quanto a Ufes”.
Para Borges, a Universidade avança lentamente na questão da inclusão, ainda que haja documentos que norteiam as ações afirmativas, como o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e a Agenda Afirmativa. “Até hoje, poucas ações foram concretizadas e há um grande desconhecimento a respeito das diretrizes”, avalia ela, que é pesquisadora do Programa para Enfrentamento do Racismo Institucional e do projeto de pesquisa Africanidades Transatlânticas, ligados ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab/Ufes), além de integrar o grupo de trabalho Relações Étnico-Raciais e Decoloniais da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários e Cientistas de Informação e Instituições (Febab).
Fotos: Arquivo pessoal
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